Artigo

A regeneração como um nível de trabalho

A regeneração como um nível de trabalho

Existem quatro naturezas de trabalho que todo sistema vivo — seja um organismo biológico, organizações humanas, territórios ou pessoas — deve desempenhar constantemente para se manter viável e próspero no ambiente dinâmico e complexo a que pertence.

Formulado pelo consultor organizacional Charles Krone na década de 70, o quadro conceitual Ordens ou Níveis de trabalho descreve essas diferentes naturezas de trabalho. O quadro se apoia no pensamento sistêmico e no trabalho de David Bohm.

Os níveis de trabalho inferiores, operar e manter, focam em aspectos da existência, isto é, no que já existe hoje. Os níveis superiores, aprimorar e regenerar, focam em aspectos potenciais, ou seja, no que existe mas ainda não foi manifestado.

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Controvérsias sobre a ideia de desenvolvimento

Controvérsias sobre a ideia de desenvolvimento

A partir das críticas ao desenvolvimento econômico e desenvolvimento sustentável feitas pelas abordagens do decrescimento, do pós-desenvolvimento e do bem viver, o texto problematiza o entendimento economicista de desenvolvimento e apresenta uma outra perspectiva para este conceito à luz da natureza de desenvolvimento presente em sistemas vivos.

Em uma perspectiva genérica, desenvolvimento econômico é o processo pelo qual ocorre uma variação positiva tanto das variáveis quantitativas quanto das variáveis qualitativas da economia.

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Posted by Juliana Diniz in Artigo, 0 comments
Sobre a busca de visão

Sobre a busca de visão

Uma reverência ao tradicional Vision Quest, uma súplica à cerimonialização da vida 

Desde sempre o ser humano busca a solidão em paisagens naturais para compreender a si mesmo, encontrar força para atravessar desafios e caminhar com integridade pela vida. Mas, embora retirar-se na natureza em busca de visão seja uma prática tão antiga quanto a própria humanidade, o tradicional Vision Quest faz parte de contextos culturais singulares.

Vision Quest é uma expressão cunhada no século XIX por antropólogos para descrever jornadas espirituais de tradições étnicas cujos territórios foram colonialmente incorporados na atual América do Norte e, especificamente, nos Estados Unidos e Canadá. As Nações Indígenas Siksika, Cree, Anishinaabe e Inuit são algumas daquelas que, mesmo sendo violentamente desencorajadas ou impedidas por políticas nacionais, persistem realizando o Vision Quest e outras cerimônias enraizadas na etnicidade. 

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Salvar o planeta não é uma boa motivação

Salvar o planeta não é uma boa motivação

Se você quer servir a um mundo melhor, questione suas expectativas auto-referenciadas, abandone suas certezas e relaxe no não-saber

Existe um conforto tremendo em ter as nossas suposições confirmadas. Ancorados na história da separação, no programa de controle e na cultura de escassez, precisamos assegurar que o mundo será transformado para sentir segurança em trabalhar para a sua transformação.

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Coronavírus e o futuro em disputa

Coronavírus e o futuro em disputa

03/04/2020

Bem-vindos à intimidade latente do colapso global

Já está claro que o mundo não será o mesmo. A cultura, as instituições e as pessoas estão sendo profundamente afetadas. A pandemia nos atravessa e não há dúvidas que sairemos diferentes. Nos resta saber, agora, se sairemos seres humanos melhores ou piores.

Neste texto eu exploro o não saber e a incerteza, a necessidade de honrar a dor e não correr para saídas rápidas, o luto coletivo, o surgimento de uma nova janela de possibilidades, o futuro em disputa, a inteligência cega, o risco do totalitarismo e a mentalidade da guerra, a imaginação, a geração de sentido, o interser e futuros possíveis.

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A dor do mundo e a cura planetária

A dor do mundo e a cura planetária

O amortecimento da dor

“Resistir a informações dolorosas, alegando que não podemos fazer nada, resulta menos da impotência (medida pela nossa capacidade de efetuar mudanças) do que do medo de nos sentirmos impotentes.” — Joanna Macy

Nós pensamos que o fato de reproduzirmos globalmente resultados que não queremos se deve à ignorância e indiferença das pessoas em relação ao que precisa ser transformado. É comum pensar que as pessoas não têm noção do que está acontecendo no mundo ou que, se sabem, simplesmente não se importam. No entanto, todos os dias somos confrontados com notícias que evidenciam a insanidade humana. Nos noticiários isso é tudo o que se veicula e é como, inclusive, se faz audiência. As dores do mundo estão evidentes. Apesar disso, permanecemos indiferentes. 

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Emergência e uma nova história do universo e da civilização

Emergência e uma nova história do universo e da civilização

Este texto é a transcrição de uma palestra inspiradora do filósofo e empreendedor Daniel Schmachtenberger, co-fundador da Neurohacker Collective.

Nesta fala Daniel explora como o fenômeno da emergência, a partir de uma interseção de diferentes ciências, pode informar uma nova história para o universo e para a humanidade. Ao entender os seres humanos como parte de um processo evolucionário dotados de consciência auto-reflexiva, podemos nos colocar como agentes conscientes da evolução e definir intenções para a humanidade que seja ao mesmo tempo harmoniosa para toda a comunidade de vida de um planeta profundamente interconectado. Esta narrativa, muito bem tecida e fundamentada, constrói as bases para o que podemos chamar de Culturas Regenerativas.

Assista ao vídeo original e veja a transcrição em inglês feita pelo site Inside Out. 


O que eu quero falar hoje é o que é a emergência como um fenômeno, como uma propriedade que é realmente essencial para entender a natureza do universo em que vivemos — essencial para entender o que significa ser humano e essencial para entender a base do significado da ética e do existencialismo — e também o que isso indica para o futuro da civilização abordando algumas coisas que são preocupantes e excitantes ao mesmo tempo. Você pode considerar essa conversa como uma espécie de ode extemporânea e divagante ao fenômeno da emergência em si — um tipo de conversa de amor sobre o quão fantástico é o universo possuir essa propriedade e que nós podemos entendê-la e participar no fenômeno.

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O que é o Desenvolvimento e Design Regenerativo e como ele pode (ou não) te ajudar

O que é o Desenvolvimento e Design Regenerativo e como ele pode (ou não) te ajudar

O Desenvolvimento e Design Regenerativo (DDR), concebido pelo Grupo Regenesis, é uma metodologia de gestão de projetos orientada pela visão sistêmica da vida.

Sendo um método, é um conjunto de conceitos, frameworks e práticas agrupados de forma coerente formando um arcabouço teórico robusto com a finalidade de conduzir a concepção e a execução de projetos.

Sendo uma metodologia orientada pela visão sistêmica da vida, o DDR possui uma forma particular de enxergar o mundo, os seres humanos e o papel destes na teia da vida. Essa visão de mundo particular implica a superação de um modelo mental antigo, que pode ser chamado de paradigma mecanicista, e convida uma nova perspectiva, o paradigma ecológico ou a visão sistêmica da vida. Essa mudança de paradigma é acompanhada de uma mudança de práticas.

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Por que não mudamos?

Por que não mudamos?

“A psicologia do indivíduo corresponde à psicologia das nações. As nações fazem exatamente o que cada um faz individualmente; e do modo como o indivíduo age a nação também agirá. Somente com a transformação da atitude do indivíduo é que começará a transformar-se a psicologia da nação. Até hoje os grandes problemas da humanidade nunca foram resolvidos por decretos coletivos, mas somente pela renovação da atitude do indivíduo.” —  Carl Gustav Jung

Nós temos uma pequena janela de tempo para fazer mudanças significativas antes de entrarmos em um curso irreversível de mudança climática que abalará o planeta e a humanidade de maneiras imprevisíveis. O relatório de 2018 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alertou que tínhamos cerca de 12 anos para fazermos mudanças massivas que poderiam impedir os impactos altamente destrutivos e irreversíveis da mudança climática. 

E por que ainda não as temos feito? Há uma razão pela qual tem sido muito difícil encontrar soluções para os desafios globais e estarmos vivendo tamanhos retrocessos em relação à questão ecológica, econômica, social e política. A dificuldade que temos em superar os desafios que se apresentam se deve à resistência que temos em enfrentar as causas mais profundas que se escondem atrás de tamanha ignorância e destrutividade. A situação global é uma projeção da devastação de nossas paisagens internas espelhando o que devemos urgentemente olhar dentro de nós.

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Qual o propósito da humanidade?

Qual o propósito da humanidade?

“A razão da vida é fazer mais vida. A razão da vida é trazer mais vida para tudo o que é para tornar o universo cada vez mais vivo. A vida está se desdobrando cada vez mais. E o ponto — e este é apenas um modo de ver as coisas — é fazer parte do crescente florescimento da vida.” — Charles Eisenstein

Dominar a matéria e rebaixar a natureza?

“O mundo não é um problema a ser resolvido; é um ser vivo ao qual pertencemos. O mundo é parte de nós mesmos e nós somos parte de sua totalidade de sofrimento. Até chegarmos à raiz de nossa imagem de separação, não pode haver cura. E a parte mais profunda de nossa separação da criação está em nosso esquecimento de sua natureza sagrada que também é nossa própria natureza sagrada. — Llewellyn Vaughan-Lee

Fomos acostumados a acreditar que o papel da humanidade sobre a Terra era explorar essa fonte supostamente infindável de recursos. Acreditamos que deveríamos nos distanciar da natureza para nos aproximarmos da cultura cuja expressão maior seria o desenvolvimento industrial e tecnológico. Ao explorar e dominar a natureza ficaríamos imunes aos seus riscos e desfrutaríamos de segurança e conforto.

Isso foi cientificamente justificado pelo paradigma materialista que entendeu o big bang como acidente e a existência humana como acaso legitimando a crença de que, por sorte da evolução, somos um corpo físico com capacidades cognitivas sofisticadas e, por isso, superiores a tudo.

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