regeneração

A regeneração como um nível de trabalho

A regeneração como um nível de trabalho

Existem quatro naturezas de trabalho que todo sistema vivo — seja um organismo biológico, organizações humanas, territórios ou pessoas — deve desempenhar constantemente para se manter viável e próspero no ambiente dinâmico e complexo a que pertence.

Formulado pelo consultor organizacional Charles Krone na década de 70, o quadro conceitual Ordens ou Níveis de trabalho descreve essas diferentes naturezas de trabalho. O quadro se apoia no pensamento sistêmico e no trabalho de David Bohm.

Os níveis de trabalho inferiores, operar e manter, focam em aspectos da existência, isto é, no que já existe hoje. Os níveis superiores, aprimorar e regenerar, focam em aspectos potenciais, ou seja, no que existe mas ainda não foi manifestado.

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A essência não está dada

Coevolução newsletter #13

Essência é um conceito antigo usado para alegar que cada ser tem qualidades que o fazem único, singular, específico. Ben Haggard (2017) diz que a qualidade que faz algo distintivo é exatamente o que deve ser entendido como essência. Carol Sanford (2020) define essência como o cerne irredutível de algo, o que o torna singularmente ele mesmo. Pamela Mang e Ben Haggard (2016, p. 48) trazem que a essência é “a verdadeira natureza ou caráter distintivo que torna algo o que é; o elemento permanente versus o acidental do ser”.

Eles também dizem que a distintividade é uma característica dos sistemas vivos, ou seja, cada sistema vivo é distinto um do outro e expressa uma essência que é a fonte de sua singularidade. Assumir a essência como um princípio fundamental de sistemas vivos é imprescindível porque o potencial regenerativo de sistemas vivos surge desse aspecto central distinto não importando se é uma árvore ou uma floresta, uma pessoa ou uma cidade (Mang e Haggard, 2016). Continue reading →

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#17 Pólen, moeda ecológica local | com Bernardo Marquez

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Neste episódio conversamos com o Bernardo Marquez, fundador da Ecolabora, uma empresa de compostagem e boas práticas lixo zero.

O Bernardo deu o pontapé inicial na criação do Pólen, que funciona de forma horizontal e autogestionada. Nesta conversa abordamos o processo de criação, os seus desdobramentos, aprendizados e fizemos reflexões relevantes sobre o contexto econômico atual e as possibilidades de conferir resiliência e coesão à comunidades locais através da moeda complementar.

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O sentido de valor para a prática regenerativa

O sentido de valor para a prática regenerativa

“Valor” é uma palavra que merece ser melhor compreendida.

Diferente de preço, valor indica “a qualidade que faz com que algo se torne importante para alguém”. Apesar de muitas vezes reduzida ao caráter econômico, valor é uma medida de estima, apreço e utilidade.

Mas há muito mais nesta palavra do que a medida de importância. A etimologia da palavra valor está relacionada à palavra latina valere. Valere significa “ser vigoroso” ou “apresentar boa saúde”.

Ao resgatar este sentido, entendemos que algo gera valor quando é capaz de contribuir para o aumento da vitalidade e saúde de algo ou alguém.

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Sobre ser informado pela inteligência da vida

Sobre ser informado pela inteligência da vida

Vivemos uma crise profunda em relação ao modo como nos relacionamos com a natureza e ao modo como nos vemos enquanto seres humanos e sociedade global. Em outras palavras, sobrecarregamos os sistemas de suporte à vida e estamos experienciando a crise do projeto civilizatório da modernidade. Continue reading →

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#11 About Regenesis Group and levels of paradigm | com Ben Haggard

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Este episódio é um fragmento do webinário Intro to Regenerative Development com os convidados Ben Haggard e Beatrice Ungard do Grupo Regenesis. Neste trecho Ben conta a história por trás do surgimento do grupo e descreve quatro níveis de paradigma e como isso se relaciona com a regeneração. Saiba mais sobre o Regenesis aqui: www.regenesisgroup.com

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A dança da floresta

A dança da floresta

E o que podemos aprender enquanto humanos e humanidade

A floresta revela uma inteligência bela e sutil. É um sistema de alta sinergia onde o interesse particular de uma espécie está em harmonia e contribui para a evolução da floresta como um todo. É uma dança harmoniosa de revelar-se e de criar condições para que outros seres também possam se revelar.

Temos na floresta, de forma simplificada, a cada momento do seu estágio de evolução, plantas com duas essências particulares: aquelas que criam e aquelas que são criadas. As árvores nunca ocorrem de forma isolada. Elas só existem pois estão em um relacionamento simbiótico profundo com outras plantas e animais.

Assim, observamos um padrão onde determinadas espécies criam as condições para que outras espécies possam prosperar. Ou seja, espécies criadoras suportam condições adversas e contribuem para a melhoria do ambiente de forma que espécies mais exigentes, as criadas, possam revelar o seu potencial. É a vida criando condições propícias para a vida em um maior nível de organização e complexidade. É a evolução dirigida por relações sinérgicas.

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O que é o Desenvolvimento e Design Regenerativo e como ele pode (ou não) te ajudar

O que é o Desenvolvimento e Design Regenerativo e como ele pode (ou não) te ajudar

O Desenvolvimento e Design Regenerativo (DDR), concebido pelo Grupo Regenesis, é uma metodologia de gestão de projetos orientada pela visão sistêmica da vida.

Sendo um método, é um conjunto de conceitos, frameworks e práticas agrupados de forma coerente formando um arcabouço teórico robusto com a finalidade de conduzir a concepção e a execução de projetos.

Sendo uma metodologia orientada pela visão sistêmica da vida, o DDR possui uma forma particular de enxergar o mundo, os seres humanos e o papel destes na teia da vida. Essa visão de mundo particular implica a superação de um modelo mental antigo, que pode ser chamado de paradigma mecanicista, e convida uma nova perspectiva, o paradigma ecológico ou a visão sistêmica da vida. Essa mudança de paradigma é acompanhada de uma mudança de práticas.

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#7 Equilíbrio, resiliência e coevolução

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O entendimento sobre o conceito de sustentabilidade está em evolução. Do equilíbrio estático para a coevolução dinâmica há muitas rupturas e evolução do pensamento. Neste episódio eu faço a leitura do artigo “Mudanças no entendimento sobre a sustentabilidade — equilíbrio, resiliência e coevolução”. Com isso poderemos ter uma clareza maior sobre os diferentes entendimentos da sustentabilidade e das bases teóricas para a abordagem regenerativa do desenvolvimento.

Para acessar a página do curso de introdução ao desenvolvimento regenerativo clique aqui.

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Investimento regenerativo

Investimento regenerativo

Todo trabalho que realizamos mobiliza um esforço. Este esforço é um investimento, é um aporte de energia em algo do qual esperamos obter um retorno futuro. Este “algo” que criamos com um investimento, envolvendo dinheiro ou não, pode ser chamado de ativo.

A permacultura nos ajuda a entender estes investimentos a partir de três categorias. A primeira é o investimento degenerativo. Assim que o investimento foi feito o ativo criado começa a se deteriorar. Para que este se mantenha funcional é necessário um aporte contínuo de novos investimentos. Além disso, esses ativos comprometem a saúde local ao criar benefícios de curto prazo através da extração e esgotamento dos recursos do sistema. Em outras palavras: o sistema como um todo é empobrecido e o valor gerado pelo ativo sempre está em decadência. Exemplos disso são carros, estradas e prédios. Apesar de necessários, se tivermos um excesso desses “ativos” em um projeto ou região estes irão empobrecê-lo a longo prazo. Ao final o recurso investido é degenerado, ou seja, não retorna.

A próxima é o investimento generativo. Neste tipo de investimento você coloca o recurso em uma atividade e obtém um retorno proporcional ao investimento feito. A agricultura anual se comporta desta maneira. Após todo o investimento inicial você recebe o benefício da colheita mas retorna ao ponto de partida. Para que esta atividade gere mais recursos ou benefícios é necessário um novo investimento semelhante ao anterior. Isto é um investimento generativo: você coloca recurso, você retira, e então está no mesmo lugar de onde partiu.

Outra forma de entender os investimentos generativos é que estes nos permitem economizar recursos e necessitam de pouca manutenção ao longo do tempo. Estes ativos necessitam de um investimento inicial, não nos oferecem um lucro direto mas economizam mais energia em seu ciclo de vida do que foi necessário para criá-lo. As ferramentas são bons exemplos: elas facilitam e otimizam as nossas atividades e podem ser utilizadas para criar coisas úteis e até mesmo consertar outras ferramentas. Placas solares e biodigestores também são exemplos de investimento generativo pois economizam ou geram mais energia do que foi necessário investir para obtê-la.

O terceiro tipo é o investimento regenerativo. A sua principal característica é que ele melhora e aumenta o seu valor ao longo do tempo. Um bom exemplo é uma árvore ou uma agrofloresta. Com o passar do tempo a manutenção diminui enquanto a colheita aumenta. Em um dado momento o retorno é muito maior do que o investimento inicial. Este é o tipo de investimento que queremos maximizar em nossos projetos. São investimentos que geram benefícios crescentes a longo prazo.

Em projetos de base territorial ou em organizações o Desenvolvimento e Design Regenerativo (DDR) gera valor ao criar uma rede de cooperação em que cada membro pode desempenhar o seu maior potencial a partir de uma direção regenerativa comum. Com o passar do tempo o entendimento da dinâmica socioecológica aumenta, os laços são fortalecidos, a motivação e espírito local é elevada e o retorno social, econômico e ecológico supera em muito o investimento inicial.

Investimentos degenerativos são necessários em muitas ocasiões. Porém, ao colocá-los a serviço de uma atividade fundamentada em um investimento regenerativo conseguimos fazer com que o ativo que se deteriora ajude a gerar valor crescente a longo prazo. Ao equilibrar estes tipos de investimento conseguimos gerar riqueza e saúde social e ecológica.

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