O que é o Desenvolvimento e Design Regenerativo e como ele pode (ou não) te ajudar

O Desenvolvimento e Design Regenerativo (DDR), concebido pelo Grupo Regenesis, é uma metodologia de gestão de projetos orientada pela visão sistêmica da vida.

Sendo um método, é um conjunto de conceitos, frameworks e práticas agrupados de forma coerente formando um arcabouço teórico robusto com a finalidade de conduzir a concepção e a execução de projetos.

Sendo uma metodologia orientada pela visão sistêmica da vida, o DDR possui uma forma particular de enxergar o mundo, os seres humanos e o papel destes na teia da vida. Essa visão de mundo particular implica a superação de um modelo mental antigo, que pode ser chamado de paradigma mecanicista, e convida uma nova perspectiva, o paradigma ecológico ou a visão sistêmica da vida. Essa mudança de paradigma é acompanhada de uma mudança de práticas.

Como apontado por Donella Meadows em seu famoso artigo Leverage Points: Places to Intervene in a System, a mentalidade ou o paradigma a partir do qual o sistema — seus objetivos, estrutura de poder, regras, sua cultura — surge, é o ponto de maior alavancagem para a transformação sistêmica. É um ponto de acupuntura onde pequenas intervenções podem resultar em grandes transformações. A abordagem regenerativa reconhece este padrão e trabalha de diferentes formas para a construção de um novo olhar.

Pré-requisitos para o trabalho regenerativo

Trabalhar a partir da abordagem regenerativa não é para qualquer projeto ou organização. É necessário que a iniciativa tenha, ou desenvolva, uma vontade genuína de ir além da sustentabilidade. É necessário, também, cultivar uma abertura e espaço seguro para que perguntas profundas possam ser feitas.

Assim, o Desenvolvimento e Design Regenerativo é uma metodologia de vanguarda para projetos e organizações inovadoras — para iniciativas que queiram construir hoje um mundo mais coerente com a inteligência da vida.

Premissas do trabalho regenerativo

Trabalhar de forma regenerativa implica abandonar uma abordagem centrada no projeto para conceber uma abordagem centrada no lugar. Este é o reflexo do entendimento de que não existe definição de sucesso particular que não seja ao mesmo tempo uma definição de sucesso para o todo.

Desta forma, uma iniciativa regenerativa entende que a sua saúde depende da saúde coletiva e trabalha sempre no sentido de contribuir para que floresça as condições necessárias para o aumento da vitalidade, viabilidade e capacidade para a evolução do lugar a que pertence.

Que tipo de projeto pode se beneficiar desta abordagem?

Apesar dos fundamentos teóricos do Desenvolvimento e Design Regenerativo — visão sistêmica da vida, pensamento sistêmico e complexo, fenomenologia do lugar e ciências holísticas, por exemplo — poder beneficiar qualquer pessoa ou iniciativa que queira se alinhar com o funcionamento da vida, o método prático vai servir melhor àquelas iniciativas que tenham a capacidade de se engajar em escala territorial.

Desta forma existe uma escala mínima para os projetos. A escala adequada pode ser verificada ao se perguntar se o projeto possui a capacidade de envolver outros atores do território em um diálogo continuado. Essa rede de coevolução é um dos pilares do trabalho regenerativo.

As iniciativas regenerativas são muito diversas e não se restringem a uma única área de atuação. Na cidade ou no campo, em iniciativas privadas, públicas ou do terceiro setor, todas podem se engajar no trabalho de regeneração local.

Comunidades intencionais, eco-resorts, fazendas, parques e unidades de conservação, centros de aprendizagem, projetos de urbanização, empresas e indústrias de diferentes áreas podem se engajar com o Desenvolvimento e Design Regenerativo. Junto ao poder público, este método é de grande valia para a concepção de planos diretores, planos de desenvolvimento territorial, gestão de bacia hidrográfica, concepção de políticas públicas e desenvolvimento comunitário, por exemplo.

A tecnologia

A tecnologia que o Desenvolvimento e Design Regenerativo utiliza (suas ferramentas, conceitos e práticas), se apresenta, entre outras formas, através de quadros conceituais (frameworks), isto é, representações gráficas de uma ideia. Estes quadros servem para orientar o pensamento e construir uma linguagem e entendimento comum entre a equipe.

A Tétrade Específica, por exemplo, é responsável por dar estrutura a todo o processo de desenho da iniciativa regenerativa. É o que vai nos orientar quanto ao fundamento, objetivos, instrumentos e direção do projeto através de um entendimento particular oriundo da visão sistêmica da vida.

Já o quadro conceitual dos Sistemas Aninhados nos ajuda a situar o projeto em sua dinâmica territorial. É o que vai nos orientar na investigação holística do lugar: O quão grande é aqui? Que tipo de lugar é esse? Como esse lugar se relaciona com o seu entorno? Associado a um entendimento particular de potencial regenerativo, podemos chegar ao papel regenerativo do nosso projeto, ou seja, a sua contribuição singular para a saúde do lugar que ocupa.

Estes são apenas alguns exemplos de diversos quadros conceituais que constituem a bagagem de ferramentas do praticante regenerativo.

Jornada de aprendizagem

Trabalhar orientado pelo Desenvolvimento e Design Regenerativo não é algo trivial. Este é um método de inovação transformativa, é uma abordagem que convida uma mudança nas próprias bases do pensamento. Assim, o praticante regenerativo deve desenvolver continuamente capacidades múltiplas que lhe permitirá aprimorar a visão holística, a comunicação empática, a capacidade de envolver outras pessoas e a habilidade de gerenciar e aprimorar o seu pensamento e a sua presença.

Para iniciar a sua jornada neste caminho você pode visitar esta página do Grupo Regenesis e mergulhar nos artigos, vídeos, apresentações e bibliografias sugeridas. Você pode, também, participar do nosso curso de desenvolvimento regenerativo.

Posted by Felipe Tavares

Trabalho para conciliar o desenvolvimento social com a inteligência dos sistemas vivos. Acredito que a sustentabilidade começa com uma mudança de pensamento e não de técnicas.

4 comments

Olá, consigo fazer o curso de vcs on LINE? Agradeço

Felipe Tavares

Oi Verena. Sim, estamos preparando a edição online. No segundo semestre deste ano começaremos a divulgar. Abraços.

ArianaMaria de Souza Siqueira

tenho interesse no curso Moero em Brasília.

Lori Luci Brandt Dalla Porta

Eu quero fazer o curso..buscava respostas para minhas indagacoes sobre a concepcao do modelo de desenvolvimento adotado e nao consegua compreender porque tecnicamente podem evoluir mas travam na concepcao social..ambiental. Acredito que sera ferramenta importante para eu utilizar e evoluir minhas ideias..concepcoes e cursos.

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