saúde planetária

Nós estamos em um rito de passagem

Nós estamos em um rito de passagem

Uma das qualidades dos ritos de passagem é a de não se poder saber o que esperar do outro lado do limiar cruzado e nem se ele conseguirá ser, de fato, ultrapassado. 

Com essa definição é fácil assumir que, enquanto espécie, nós estamos atravessando um rito de passagem. Para Daniel Wahl, consultor em inovação transformativa e autor do aclamado Design de Culturas Regenerativas, do outro lado do ponto de inflexão há a possibilidade de abundância colaborativa ou de escassez competitiva. Continue reading →

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Câncer planetário

Câncer planetário

Me entristeço quando ouço que nós somos o câncer planetário, que a Terra não precisa de nós e que ela ficará melhor sem a nossa presença. Embora reconheça a legitimidade dessa perspectiva, sinto um tremendo vazio, impotência e angústia quando me confronto com ela. Continue reading →

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Salvar o planeta não é uma boa motivação

Salvar o planeta não é uma boa motivação

Se você quer servir a um mundo melhor, questione suas expectativas auto-referenciadas, abandone suas certezas e relaxe no não-saber

Existe um conforto tremendo em ter as nossas suposições confirmadas. Ancorados na história da separação, no programa de controle e na cultura de escassez, precisamos assegurar que o mundo será transformado para sentir segurança em trabalhar para a sua transformação.

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Sobre ser informado pela inteligência da vida

Sobre ser informado pela inteligência da vida

Vivemos uma crise profunda em relação ao modo como nos relacionamos com a natureza e ao modo como nos vemos enquanto seres humanos e sociedade global. Em outras palavras, sobrecarregamos os sistemas de suporte à vida e estamos experienciando a crise do projeto civilizatório da modernidade. Continue reading →

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A dor do mundo e a cura planetária

A dor do mundo e a cura planetária

O amortecimento da dor

“Resistir a informações dolorosas, alegando que não podemos fazer nada, resulta menos da impotência (medida pela nossa capacidade de efetuar mudanças) do que do medo de nos sentirmos impotentes.” — Joanna Macy

Nós pensamos que o fato de reproduzirmos globalmente resultados que não queremos se deve à ignorância e indiferença das pessoas em relação ao que precisa ser transformado. É comum pensar que as pessoas não têm noção do que está acontecendo no mundo ou que, se sabem, simplesmente não se importam. No entanto, todos os dias somos confrontados com notícias que evidenciam a insanidade humana. Nos noticiários isso é tudo o que se veicula e é como, inclusive, se faz audiência. As dores do mundo estão evidentes. Apesar disso, permanecemos indiferentes. 

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Por que não mudamos?

Por que não mudamos?

“A psicologia do indivíduo corresponde à psicologia das nações. As nações fazem exatamente o que cada um faz individualmente; e do modo como o indivíduo age a nação também agirá. Somente com a transformação da atitude do indivíduo é que começará a transformar-se a psicologia da nação. Até hoje os grandes problemas da humanidade nunca foram resolvidos por decretos coletivos, mas somente pela renovação da atitude do indivíduo.” —  Carl Gustav Jung

Nós temos uma pequena janela de tempo para fazer mudanças significativas antes de entrarmos em um curso irreversível de mudança climática que abalará o planeta e a humanidade de maneiras imprevisíveis. O relatório de 2018 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alertou que tínhamos cerca de 12 anos para fazermos mudanças massivas que poderiam impedir os impactos altamente destrutivos e irreversíveis da mudança climática. 

E por que ainda não as temos feito? Há uma razão pela qual tem sido muito difícil encontrar soluções para os desafios globais e estarmos vivendo tamanhos retrocessos em relação à questão ecológica, econômica, social e política. A dificuldade que temos em superar os desafios que se apresentam se deve à resistência que temos em enfrentar as causas mais profundas que se escondem atrás de tamanha ignorância e destrutividade. A situação global é uma projeção da devastação de nossas paisagens internas espelhando o que devemos urgentemente olhar dentro de nós.

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Qual o propósito da humanidade?

Qual o propósito da humanidade?

“A razão da vida é fazer mais vida. A razão da vida é trazer mais vida para tudo o que é para tornar o universo cada vez mais vivo. A vida está se desdobrando cada vez mais. E o ponto — e este é apenas um modo de ver as coisas — é fazer parte do crescente florescimento da vida.” — Charles Eisenstein

Dominar a matéria e rebaixar a natureza?

“O mundo não é um problema a ser resolvido; é um ser vivo ao qual pertencemos. O mundo é parte de nós mesmos e nós somos parte de sua totalidade de sofrimento. Até chegarmos à raiz de nossa imagem de separação, não pode haver cura. E a parte mais profunda de nossa separação da criação está em nosso esquecimento de sua natureza sagrada que também é nossa própria natureza sagrada. — Llewellyn Vaughan-Lee

Fomos acostumados a acreditar que o papel da humanidade sobre a Terra era explorar essa fonte supostamente infindável de recursos. Acreditamos que deveríamos nos distanciar da natureza para nos aproximarmos da cultura cuja expressão maior seria o desenvolvimento industrial e tecnológico. Ao explorar e dominar a natureza ficaríamos imunes aos seus riscos e desfrutaríamos de segurança e conforto.

Isso foi cientificamente justificado pelo paradigma materialista que entendeu o big bang como acidente e a existência humana como acaso legitimando a crença de que, por sorte da evolução, somos um corpo físico com capacidades cognitivas sofisticadas e, por isso, superiores a tudo.

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Saúde pessoal e saúde planetária

Saúde pessoal e saúde planetária

Não há nada que façamos que não afete a integridade da Terra. Mais do que afetar, nós nos tornamos uma força que está alterando dramaticamente a estrutura e o funcionamento do planeta.

O adoecimento da Terra expresso, por exemplo, na ameaça do seu termostato promovida pelo degelo ártico, está diretamente relacionado à saúde humana — física, psíquica e social. Devido aos nossos traumas, intrinsecamente relacionados à ordem antropocêntrica, materialista, colonial e patriarcal do mundo, recriamos trauma ao redor na forma de violência implícita e explícita à vida.

Embora tenhamos o privilégio da autoconsciência, agimos como animais acuados tentando sobreviver a partir de um sistema de defesa disfuncional. Nos sentimos separados uns dos outros e dos sistemas vivos e acreditamos que o sentido de comunhão que buscamos será suprido através da dominação e do controle — as estratégias relacionais que maquiam o impulso primitivo de lutar ou fugir. 

Por outro lado, a destruição massiva da saúde e da integridade das águas, do ar, das terras e dos povos em nome de riqueza, poder e prestígio centralizados nos causam imenso estresse traumático de modos tão dramáticos — embora pouquíssimo considerados — que ainda somos incapazes de mensurar.

Porque sentimos dor — biográfica, transpessoal, planetária — e não a elaboramos pessoal e socialmente causamos sofrimento a nossa volta na forma de danos irreparáveis às comunidades humanas e aos sistemas vivos que, por sua vez, voltam a nos afetar. 

Em outras palavras, sofremos com a sensação de separação e desconexão que constitui a subjetividade dos sujeitos modernos que, por sua vez, culminam em irresponsabilidade social e ecológica. Os sintomas se confundem com as causas formando um ciclo que se retroalimenta.

Mas neste momento de colapso inevitável das velhas estruturas e de necessidade emergente de novas formas de ser e estar no mundo, precisamos de pessoas sãs que possam encaminhar saídas deste ciclo autodestrutivo. 

Precisamos ser as pessoas sábias e compassivas que conseguem acolher a dor da humanidade e a dor do mundo cuidando para que o sofrimento seja minimizado e para que as suas causas sejam radicalmente transformadas. Para tanto, precisamos descobrir como permanecer sãos em um planeta que queima e que clama pela nossa participação apropriada.

[Este texto é parte do material de apoio da jornada Em Busca da Visão – Propósito pessoal a serviço de Gaia]

Na próxima terça-feira (05/11/19) às 19h vamos conversar sobre como participar apropriadamente no mundo de modo a criar saúde e vitalidade pessoal e planetária. Inscrições aqui.

Foto: Ivars Krutainis

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Do Antropoceno ao Ecozóico

Do Antropoceno ao Ecozóico

A grande obra de cada tempo histórico

“Todos nós temos nosso trabalho particular. Temos uma variedade de ocupações. Mas além do trabalho que desempenhamos e da vida que levamos, temos uma Grande Obra na qual todos estamos envolvidos e da qual ninguém está isento: é a obra de deixar uma Era Cenozóica terminal e ingressar na nova Era Ecozóica na história do planeta Terra.” —  Thomas Berry

Para Thomas Berry, acadêmico da Terra como gostava de ser chamado, cada época histórica tem a sua grande obra. A grande obra do Paleolítico foi a expansão humana a partir da África. Este processo esteve associado à criação de linguagem, rituais e estruturas sociais pelas comunidades caçadoras-coletoras. A grande obra do Neolítico foi o estabelecimento de comunidades agrícolas em territórios socioecológicos cujas paisagens foram manejadas através da prática extrativista e agrícola. 

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A Grande Virada

A Grande Virada

“A característica mais marcante deste momento histórico não é que estamos a caminho de destruir nosso mundo — na verdade, estamos neste caminho há algum tempo — mas que estamos começando a despertar de um sono de milênios para um relacionamento totalmente novo com o nosso mundo, com nós mesmos e com os outros.” — Joanna Macy

A sociedade de crescimento industrial

A sociedade de crescimento industrial fez das pessoas engrenagens na roda da produção e do consumo e está devastando os recursos limitados da natureza. Ela nos isolou do mundo natural e nos fez perder a percepção de nossa conexão com todos os seres.

Mais ainda, ela nos fez esquecer que nós somos a própria Terra tomando consciência de si mesma. A visão analítica e mecânica característica dessa sociedade obscureceu a visão holística e orgânica dos fenômenos impedindo-nos de ver a vasta e complexa rede de relações interdependentes de todos com tudo.

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