Saúde pessoal e saúde planetária

Não há nada que façamos que não afete a integridade da Terra. Mais do que afetar, nós nos tornamos uma força que está alterando dramaticamente a estrutura e o funcionamento do planeta.

O adoecimento da Terra expresso, por exemplo, na ameaça do seu termostato promovida pelo degelo ártico, está diretamente relacionado à saúde humana — física, psíquica e social. Devido aos nossos traumas, intrinsecamente relacionados à ordem antropocêntrica, materialista, colonial e patriarcal do mundo, recriamos trauma ao redor na forma de violência implícita e explícita à vida.

Embora tenhamos o privilégio da autoconsciência, agimos como animais acuados tentando sobreviver a partir de um sistema de defesa disfuncional. Nos sentimos separados uns dos outros e dos sistemas vivos e acreditamos que o sentido de comunhão que buscamos será suprido através da dominação e do controle — as estratégias relacionais que maquiam o impulso primitivo de lutar ou fugir. 

Por outro lado, a destruição massiva da saúde e da integridade das águas, do ar, das terras e dos povos em nome de riqueza, poder e prestígio centralizados nos causam imenso estresse traumático de modos tão dramáticos — embora pouquíssimo considerados — que ainda somos incapazes de mensurar.

Porque sentimos dor — biográfica, transpessoal, planetária — e não a elaboramos pessoal e socialmente causamos sofrimento a nossa volta na forma de danos irreparáveis às comunidades humanas e aos sistemas vivos que, por sua vez, voltam a nos afetar. 

Em outras palavras, sofremos com a sensação de separação e desconexão que constitui a subjetividade dos sujeitos modernos que, por sua vez, culminam em irresponsabilidade social e ecológica. Os sintomas se confundem com as causas formando um ciclo que se retroalimenta.

Mas neste momento de colapso inevitável das velhas estruturas e de necessidade emergente de novas formas de ser e estar no mundo, precisamos de pessoas sãs que possam encaminhar saídas deste ciclo autodestrutivo. 

Precisamos ser as pessoas sábias e compassivas que conseguem acolher a dor da humanidade e a dor do mundo cuidando para que o sofrimento seja minimizado e para que as suas causas sejam radicalmente transformadas. Para tanto, precisamos descobrir como permanecer sãos em um planeta que queima e que clama pela nossa participação apropriada.

[Este texto é parte do material de apoio da jornada Em Busca da Visão – Propósito pessoal a serviço de Gaia]

Na próxima terça-feira (05/11/19) às 19h vamos conversar sobre como participar apropriadamente no mundo de modo a criar saúde e vitalidade pessoal e planetária. Inscrições aqui.

Foto: Ivars Krutainis

Posted by Juliana Diniz

Através da conciliação entre desenvolvimento humano e social e a inteligência dos sistemas vivos, facilito processos de aprendizagem e transformação pessoal e coletiva que promovam a saúde planetária e protejam a memória biocultural da Terra.

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