Juliana Diniz

Através da conciliação entre desenvolvimento humano e social e a inteligência dos sistemas vivos, facilito processos de aprendizagem e transformação pessoal e coletiva que promovam a saúde planetária e protejam a memória biocultural da Terra.
Através da conciliação entre desenvolvimento humano e social e a inteligência dos sistemas vivos, facilito processos de aprendizagem e transformação pessoal e coletiva que promovam a saúde planetária e protejam a memória biocultural da Terra.

Podcast: A teoria de mudança do desenvolvimento regenerativo

 

Esse episódio é uma aula onde o Felipe Tavares comenta sobre a linhagem do desenvolvimento regenerativo, apresenta os princípios da regeneração e sua aplicação em projetos e compartilha um estudo de caso com o Instituto Ecos na Educação que atua na Serra da Canastra. Nesse estudo de caso, os princípios da regeneração foram usados como diretrizes de design para apoiar um processo de redescoberta de propósito do Ecos.

O Felipe narra a teoria de mudança do desenvolvimento regenerativo e esclarece muitas questões sobre a aplicação dos princípios da regeneração em projetos de base territorial. Ele também deixa claro o que o desenvolvimento regenerativo é capaz ou não de fazer pelos projetos e seus lugares e o tipo de mudança que podemos esperar do nosso envolvimento com essa abordagem.

O desenvolvimento regenerativo não é uma abordagem milagrosa que garante o sucesso dos nossos projetos, nem a solução para os problemas que enfrentamos ao empreender, trabalhar com comunidades ou gestão de pessoas e projetos. Mas possibilita a renovação do nosso olhar e a liberação do nosso potencial criativo. Isso acontece porque transcendemos um modo de pensar mecânico e técnico e passamos a pensar de uma maneira mais dinâmica, evolutiva, viva. Alinhamos o nosso modo de ver e pensar o mundo com a natureza das coisas, com o modo dinâmico e complexo como elas realmente funcionam. E isso é poderoso.

 

Confira os tópicos abordados:

A linhagem do desenvolvimento regenerativo

  • Charles Krone, Carol Sanford e Grupo Regenesis

Princípios da regeneração

  • Projetos e lugares como sistemas integrais: Enxergando os sistemas nas suas relações e fluxos de evolução
  • Projetos e lugares como sistemas aninhados: Que lugar é esse de que o meu projeto faz parte? Quem é ele? Qual a sua personalidade?
  • Potencial local: Encontrando perspectivas de desenvolvimento de dentro para fora
  • Papel regenerativo do projeto: Revelando oportunidades para uma contribuição autêntica do projeto ao seu lugar

Estudo de caso: Instituto Ecos na Educação na Serra da Canastra

  • Aplicação dos princípios da regeneração a projetos de base territorial
  • Conhecendo a essência do projeto
  • Definindo o todo próximo (lugar) e o todo maior do projeto
  • Revelando a essência do lugar e o potencial local: Combinando perspectivas ecológicas e histórico-culturais

O poder de uma abordagem holística e participativa

  • Avaliando possibilidades de contribuição e descobrindo novos papéis para os projetos nos seus lugares
  • Trabalhando na perspectiva de redes
  • Buscando uma direção de desenvolvimento capaz de agregar diferentes atores
  • Causas e condições para o sucesso dos projetos
  • Ampliação do olhar à gestão de projetos

 

“O desenvolvimento regenerativo é uma metodologia que transforma a nossa visão sobre o que é possível fazer em termos de gestão de projetos. Ele enriquece muito a conversa e traz genuinidade para os projetos porque quando vamos para a fonte que é o próprio lugar, as pessoas, o território, acabamos encontrando algo genuíno.

Isso é diferente das abordagens em que acabamos levando mais as coisas. Temos um vício em querer levar as soluções acreditando que temos as respostas. Seja na mesa de projetos, seja em campo com a comunidade, sempre queremos levar. E temos uma dificuldade muito grande em escutar.

O desenvolvimento regenerativo nos ajuda a escutar, a participar, a criar uma visão desenvolvimental, a pensar em termos de evolução, a não pensar em termos de coisas e resolução de problemas pontuais, mas em processos de desenvolvimento. Ele nos ajuda a construir um pensamento de longo prazo. Deixamos de ser tão imediatistas.

Um efeito interessante é que passamos a identificar algumas atividades que sabemos que não vale o gasto energético porque são atividades pontuais, descontextualizadas, que não participam de um processo maior de desenvolvimento.”

 

Conheça o programa da Capacitação em Desenvolvimento Regenerativo, um curso intensivo de alfabetização na visão de um mundo vivo transferida para o planejamento estratégico.

Uma oportunidade transformadora para ampliar suas perspectivas e liberar seu potencial criativo. A nossa melhor oferta para pessoas que buscam a motivação e os meios para gerar impacto socioambiental positivo.

Saiba mais e junte-se a uma rede de praticantes.

  

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Permanência, longevidade e viabilidade

Sinergias entre o desenvolvimento regenerativo e os ensinamentos de E. F. Schumacher

Foto: Skylar Jean

“Sob um ponto de vista econômico, o conceito central da sabedoria é a permanência. Temos de estudar a economia da permanência. Nada faz sentido economicamente salvo se sua continuidade por longo tempo puder ser projetada sem incorrer em absurdos. Pode haver ‘crescimento’ rumo a um objetivo limitado, mas não pode haver crescimento ilimitado e generalizado.” — E. F. Schumacher

A preocupação com a longevidade dos empreendimentos humanos também está no cerne do desenvolvimento regenerativo, afinal regeneração é sobre aumentar o potencial ou recuperar a vitalidade perdida de um sistema vivo.

Ao liderarmos ou apoiarmos um projeto, a lente do desenvolvimento regenerativo sempre nos leva a perguntar:

Quais condições devemos criar no projeto, no lugar do projeto e nos atores envolvidos para que eles sigam se desenvolvendo e realizando novos potenciais mesmo após a nossa saída?

Que tipo de intervenção devemos fazer para que eles cresçam para além da nossa contribuição inicial? Continue reading →

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Fenomenologia e Desenvolvimento Regenerativo

 

Na próxima segunda nos encontramos com a comunidade do Círculo Regenerativo para trabalhar a fenomenologia aplicada ao desenvolvimento territorial e à regeneração dos lugares.

Desde que conhecemos a abordagem do Desenvolvimento e Design Regenerativo percebemos — e nos foi dito — que ela tem um fundamento fenomenológico, embora essa relação não esteja totalmente explícita nos materiais e diálogos que já tivemos com o grupo Regenesis, os precursores da metodologia. Então, resolvemos nós destrinchar a conexão entre essas duas abordagens que nos parecem tão próximas e complementares. Neste encontro queremos compartilhar o que estamos descobrindo com essa pesquisa.

De antemão, podemos dizer que ambas compartilham de uma visão de mundo que tem na sua base o interesse genuíno pelo modo como se comportam fenômenos vivos. Do ponto de vista prático, ambas oferecem processos e métodos capazes de criar um processo consensual de design baseado em princípios de funcionamento da vida como os de holismo/integralidade, evolução/desenvolvimento, essência/singularidade, complexidade, emergência etc. Continue reading →

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Vamos praticar? (convite para ampliar a percepção)

Foto: Mauro Moura

No fim do último email que enviamos na newsletter havia um “convite para aumentar a percepção”. O texto do email abordava a relação entre saúde, liberdade e autoconsciência a partir da perspectiva antroposófica e fazia um convite para a tomada de consciência a respeito do que pode estar sendo dito por uma situação que nos toca e provoca.

Com esse email quero reforçar o convite feito e indicar alguns movimentos de um modo de observar fenomenologicamente eventos cotidianos. O que segue aqui é uma derivação para observar fenômenos humanos e sociais a partir da metodologia de observação de fenômenos naturais de Goethe. Continue reading →

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Saúde, liberdade e autoconsciência (e fenomenologia)

Foto: Ahmad Odeh

 

“A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas.” — Rudolf Steiner

Essa é uma célebre frase de Rudolf Steiner que traduz sua filosofia da liberdade.

Para a Antroposofia, ciência espiritual iniciada por Steiner, é de extrema importância que os seres humanos se desenvolvam através da (e em direção à) liberdade, e que todo o processo de desenvolvimento humano facilitado pelos pais, educadores e demais profissionais da área contribua para isso.

Realizar um Eu livre no mundo significa experienciar o amadurecimento biológico, psicológico e espiritual sendo capaz de transformar os desafios biográficos de forma autêntica por um Eu que traz consigo uma vocação singular e se manifesta por meio da autoconsciência.

Nesse sentido, liberdade tem a ver com a atuação comprometida deste Eu na metaformose daquilo que constitui o indivíduo mas que, de alguma forma, impede a expressão autêntica da sua individualidade. Vamos aprofundar nisso. Continue reading →

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É sobre uma postura, mais do que uma teoria

Foto: Erik Karits

De modo geral, a fenomenologia é o estudo dos fenômenos; e fenômeno é aquilo que se apresenta à consciência humana. Desdobrando essas definições, temos que a fenomenologia é o estudo da atuação da consciência na relação com o que se apresenta a ela.

Com raízes no pensamento filosófico, ela é considerada uma metodologia que enfatiza a importância da ideia de fenômeno ao considerar que tudo que podemos saber do mundo e de nós mesmos resume-se a esses fenômenos.

Edmund Husserl, considerado o pai da fenomenologia, tomou como premissa a ideia de que “toda consciência é uma consciência de algo”. Isso quer dizer que o que aparece à consciência aparece não de forma abstrata, mas em uma relação entre o sujeito que conhece e aquilo que é conhecido.

Aqui, diferente de outras perspectivas filosóficas, não se trata de uma consciência assimiladora e acumuladora, e sim de uma consciência intencional e de um processo relacional de tomada de consciência. Nesse sentido, não há como separar sujeito e objeto, interioridade de exterioridade. A ideia de fenômeno os integra; o que acessamos na consciência é a integração deles (o próprio fenômeno). Continue reading →

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Prática regenerativa e atitude fenomenológica

Foto: Raimond Klavins

Para ser efetivo, o impulso de regenerar ou promover mudanças em um sistema de qualquer natureza deve estar associado ao interesse de verdadeiramente conhecê-lo. Não é possível intervir adequadamente em algo que se conhece superficialmente.

Mas é isso que costumamos fazer. Nos faltam capacidades e conhecimento de base que nos elevem além do hábito de concluir precipitadamente e impor soluções baseadas em agilidade, eficiência, replicabilidade. Então, sem o envolvimento adequado com aquilo que se deve conhecer antes de intervir, reforçamos os padrões mecânicos e artificiais responsáveis pela perda de saúde e vitalidade nos sistemas à nossa volta.

Consciente dessa tendência e preocupada com os seus efeitos, a prática regenerativa é informada por um conjunto de premissas de outra natureza que vieram do entendimento de como funcionam sistemas vivos em evolução. Continue reading →

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Uma questão de escala

Foto: Felipe Dias

Muitos dos nossos esforços para mudanças significativas são inefetivos por conta da escala em que atuamos.

Helena Norberg-Hodge, diretora do Local Futures, disse recentemente que “vivendo fora da escala humana somos incapazes de ver a confusão em que nos metemos”.

Os problemas que enfrentamos, como a crise climática e a polarização política, se tornaram tão grandes e complexos que não conseguimos ver com clareza como contribuímos para o seu agravamento ou dissolução.

Diante do reconhecimento de que eles são imensos, buscamos uma grande solução sem perceber que buscar uma grande resposta ou uma solução universal é parte do problema — na realidade, é o próprio problema.

Nenhum de nós será capaz de oferecer respostas para o problema como um todo porque somos incapazes de fazer sentido de tamanha complexidade. Mas todos nós podemos trabalhar localmente fazendo coisas que podem parecer pequenas, mas são promissoras. Continue reading →

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Infundir germens de bem em um mundo decadente

Foto: Jordan White

Allan Kaplan, retomando um pensamento de Rudolf Steiner, diz que “não devemos tentar interromper um processo de destruição ou decadência porque ele tem seu próprio curso, mas infundir nele germes do que consideramos como bem”.

Algo semelhante pode ser visto na dinâmica ecológica de uma horta ou agrofloresta. Quando uma planta apresenta traços de baixa vitalidade ou senescência (envelhecimento), mais do que tentar adiar seu fim e restaurar sua vitalidade com insumos externos, é interessante acelerar seu processo de morte. Uma prática fundamental no manejo agroecológico é retirar espécies antigas e fracas para abrir espaço para novas mudas e sementes crescerem com vigor.

Toda ruína é acompanhada de novas possibilidades do que pode vir a acontecer e de um potencial singular correspondente aos aspectos da identidade de um dado sistema que, nessa virada, podem vir a se atualizar. Continue reading →

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Artigo na edição temática sobre sustentabilidade da revista Política Democrática

Fomos convidados pela Fundação Astrojildo Pereira a escrever um artigo para a revista Política Democrática na sua edição temática sobre sustentabilidade.

O nosso artigo, Do reducionismo ao holismo: As limitações da sustentabilidade e a regeneração como abordagem integral, trata da mudança de pensamento, interesse e escopo de atuação sugerida pelo paradigma regenerativo.

Mesmo com o mundo inteiro adepto a painéis solares, carros elétricos, prédios verdes e outras tecnologias sustentáveis, isso não significaria a sustentação da vida. Para cuidar da vida é preciso mais do que coisas e técnicas.

A vida não existe de forma genérica. Ela acontece de forma particular em cada localidade. Cada lugar expressa diferentes padrões sociais e ecológicos. Por isso, como aprofundado no artigo, o trabalho regenerativo é sobre o engajamento de um pensamento vivo, integral e evolutivo que enxerga e coopera com os padrões de vida presentes em um lugar a fim de contribuir para a realização da sua vocação singular e expressão de maiores ordens de vitalidade, viabilidade e capacidade para evolução.

A revista conta com diversos outros artigos que abordam questões relacionadas a mudanças climáticas, Amazônia, governança ambiental, utopia e transição, ativismo ambiental dos jovens e mais.

Você pode adquirir a versão impressa da revista na loja virtual da FAP ou baixar gratuitamente a versão online.

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