Vivemos uma crise profunda em relação ao modo como nos relacionamos com a natureza e ao modo como nos vemos enquanto seres humanos e sociedade global. Em outras palavras, sobrecarregamos os sistemas de suporte à vida e estamos experienciando a crise do projeto civilizatório da modernidade. Continue reading →
Juliana Diniz
Descolonizar a comunicação
E se em vez de usar “mas”, “na verdade”, “efetivamente” e outras expressões que reivindicam para si a exclusividade da legitimidade, nós usarmos “e”, “além disso”, “também” e outras expressões que, em vez de criar oposição, somam perspectivas?
O uso das expressões “de fato” e “realmente” quando afirmamos algo e do “na realidade” quando estamos nos contrapondo nascem da premissa de que só um pode estar correto e, portanto, só um tem o acesso à verdade e validade na exposição de seus argumentos. Continue reading →
#10 Do colapso civilizatório a sistemas humanos resilientes | com Jerome Sensier
Jerome Sensier é francês e mora no Brasil há quatro anos. Ele é geógrafo-urbanista de formação e pesquisador independente dos temas: crises climáticas e energéticas e risco de colapso sistêmico da sociedade industrial. Nos últimos anos, se engajou com a Permacultura, novos sistemas de governança e gestão de projetos. No início de 2019, junto com o cineasta Victor Mal, criou a Rizomar — uma associação sem fins lucrativos que fomenta a resiliência local em escala biorregional pensando estratégias transversais e inovadoras para fazer frente ao paradigma de escassez e instabilidade que estamos vivendo.
Dentro da Rizomar, a iniciativa “Corra para o verde” apoia o processo de pessoas interessadas em realizar a transição para o campo. Eles direcionam as pessoas para biorregiões refúgio — territórios que apresentam características propícias para resiliência local — e as auxiliam desde a compra da terra até a construção de um projeto de permanência.
Para saber mais sobre a Rizomar assista a este webinário e demonstre o seu interesse aqui.
A dor do mundo e a cura planetária
O amortecimento da dor
“Resistir a informações dolorosas, alegando que não podemos fazer nada, resulta menos da impotência (medida pela nossa capacidade de efetuar mudanças) do que do medo de nos sentirmos impotentes.” — Joanna Macy
Nós pensamos que o fato de reproduzirmos globalmente resultados que não queremos se deve à ignorância e indiferença das pessoas em relação ao que precisa ser transformado. É comum pensar que as pessoas não têm noção do que está acontecendo no mundo ou que, se sabem, simplesmente não se importam. No entanto, todos os dias somos confrontados com notícias que evidenciam a insanidade humana. Nos noticiários isso é tudo o que se veicula e é como, inclusive, se faz audiência. As dores do mundo estão evidentes. Apesar disso, permanecemos indiferentes.
#9 Ação no mundo com consciência plena | com Miho Mihov
Além das dualidades aparentes e das construções conceituais
Neste episódio conversamos com o Miho, nascido na Bulgária e residente no Brasil, co-fundador do Sattva Tantra e do movimento Despertar na Prática. Com vinte anos começou a viajar pelo mundo realizando trabalhos humanitários voluntários e vivendo em ecovilas. Suas experiências o levou a se aprofundar no universo da sustentabilidade, da espiritualidade e das relações conscientes. Hoje ele atua na interface entre autoconhecimento e ação no mundo através de trabalhos com grupos, fundamentados em práticas de consciência plena, que promovam o despertar na prática.
Miho nos alerta que talvez o mais importante que tenhamos pra fazer agora é parar de fazer. É migrar de um lugar interno de escassez e reatividade onde reinam aparentes dualidades e construções conceituais para um lugar onde não há separação nem identificação com papéis limitadores. Ele nos convida a adentrar um lugar interno de abertura e criatividade de onde pode nascer o sentido e contentamento que buscamos como seres humanos.
Do caos global à resiliência interna
Atravessando o colapso em conexão com a vida
Desde o ano passado muitas tragédias atravessam nossas vidas. Avanço de governos anti-progressistas, escalada de tensão entre regimes imperialistas, crises políticas em toda a América Latina, crimes ambientais no Brasil, gravíssimos incêndios na Amazônia brasileira e em savanas por todo o globo, aceleração das mudanças climáticas e recordes de calor — só para citar alguns.
Eventos de ordem política, social e ecológica continuamente nos tiram do aparente conforto individualista e evidenciam a complexidade da nossa natureza interdependente. Continue reading →
#8 Em busca de um novo órgão de percepção
Neste episódio damos boas vindas à Juliana Diniz, co-fundadora do IDR, onde cuida da primeira e segunda linha de trabalho do desenvolvimento regenerativo: as competências necessárias ao praticante regenerativo e a construção de campos vitalizadores nas equipes de trabalho. Além disso, ela fundamenta as bases filosóficas do IDR a partir dos seus estudos e experiências em fenomenologia, antroposofia, salutogênese, ecologia profunda e ecopsicologia, paradigma decolonial e não-violência. Aqui ela compartilha a sua trajetória a partir de quatro grandes rios por onde flui a sua vida e trabalho: cosmovisões não ocidentais; ecofilosofia; desenvolvimento humano; facilitação de grupos e desenho de projetos.
Acordar a gratidão
Qual o lugar da apreciação, da gratidão e da celebração nas nossas vidas? Existir neste contexto planetário e tempo histórico é um motivo suficiente pelo qual sermos gratos?
A palavra “gratidão” se tornou recorrente nas nossas interações. Às vezes ela até pode soar piegas, um vício verbal new age esvaziado de significado. Com a Ecologia Profunda e o trabalho da Joanna Macy, essa palavra ganhou um sentido diferente e muito potente pra mim. Continue reading →
Os mais populares do ano
Nós temos muito o que agradecer. Este foi um ano de muitos encontros e conexão. Temos a sensação de ter construído uma base sólida na qual podemos nos apoiar com firmeza no ano que chega. E isso só foi possível com o envolvimento de muitas pessoas.
Estamos felizes com o crescimento do movimento regenerativo e, definitivamente, você faz parte disso.
Muito obrigado a você que se conectou, que se inspirou com um texto, que compartilhou uma ideia ou que fez um comentário apropriado. Muito obrigado a você que recebeu o nosso trabalho de coração aberto, que nos apoiou e nos incentivou a caminharmos com mais firmeza.
Entrando no clima de retrospectiva, deixamos uma lista com os nossos conteúdos mais populares.
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- Separação entre natureza e cultura — a base do pensamento moderno
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- Uma nova visão histórica da Terra e da humanidade
- Descolonizar é preciso
- As três linhas de trabalho do desenvolvimento regenerativo
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Podcasts mais populares de 2019
Por que não mudamos?
“A psicologia do indivíduo corresponde à psicologia das nações. As nações fazem exatamente o que cada um faz individualmente; e do modo como o indivíduo age a nação também agirá. Somente com a transformação da atitude do indivíduo é que começará a transformar-se a psicologia da nação. Até hoje os grandes problemas da humanidade nunca foram resolvidos por decretos coletivos, mas somente pela renovação da atitude do indivíduo.” — Carl Gustav Jung
Nós temos uma pequena janela de tempo para fazer mudanças significativas antes de entrarmos em um curso irreversível de mudança climática que abalará o planeta e a humanidade de maneiras imprevisíveis. O relatório de 2018 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alertou que tínhamos cerca de 12 anos para fazermos mudanças massivas que poderiam impedir os impactos altamente destrutivos e irreversíveis da mudança climática.
E por que ainda não as temos feito? Há uma razão pela qual tem sido muito difícil encontrar soluções para os desafios globais e estarmos vivendo tamanhos retrocessos em relação à questão ecológica, econômica, social e política. A dificuldade que temos em superar os desafios que se apresentam se deve à resistência que temos em enfrentar as causas mais profundas que se escondem atrás de tamanha ignorância e destrutividade. A situação global é uma projeção da devastação de nossas paisagens internas espelhando o que devemos urgentemente olhar dentro de nós.