Uma das grandes ilusões da humanidade é a ilusão da separação. Acreditamos estar separados uns dos outros e do ambiente em que vivemos.
Este é, talvez, o nosso maior equívoco. Esta é a raiz da grande crise civilizatória cuja marca de falência é o colapso ecológico e a desarmonia social. Nós continuamos a perpetuá-la inconscientemente.
Um dos efeitos colaterais desta falsa concepção de identidade separada é o de que é possível obter sucesso pessoal mesmo que isso implique a infelicidade do outro. Claramente, um equívoco.
O reconhecimento de que somos fruto de um mesmo processo evolucionário evidencia a profunda interconexão da vida. Compartilhamos de um mesmo tecido ecológico. Nós somos a própria vida em seu desdobrar evolucionário.
O reconhecimento da interconexão, ou da não-separação, nos faz perceber que não existe sucesso pessoal sem que isso signifique, ao mesmo tempo, sucesso do todo.
Vivemos em um mundo dirigido por relacionamentos. E a qualidade desses relacionamentos deve ganhar centralidade.
No mundo da separação temos, majoritariamente, relacionamentos de interferência. Isto é, há um conflito de interesses e o sucesso de um leva ao fracasso ou perda do outro. No fim, há um impacto negativo no tecido socioecológico.
No mundo da não-separação, ou do interser, temos relacionamentos sinérgicos. Etimologicamente, sinergia significa “trabalhar junto” e qualifica um relacionamento mutuamente benéfico que está em harmonia com o todo.
Ou seja, para nos alinharmos com a inteligência da vida devemos viver de forma que o nosso interesse pessoal seja, ao mesmo tempo, o interesse do todo socioecológico de modo que o nosso sucesso contribua para o sucesso do outro e contribua, também, para que todo o contexto de que faço parte ganhe mais vitalidade.
Viver em sinergia implica, entre outras coisas, um trabalho sério de autodesenvolvimento, um olhar atento para as qualidades transpessoais e uma percepção sistêmica do lugar que vivemos.
E tudo pode começar com uma visão.
Grata pelas sementes, somos parte do mesmo canteiro no jardim da humanidade.
Feliz em caminharmos juntos, Cristiane.