O que existe para além do pior do ser humano? Neste episódio nós discutimos sobre a essência da humanidade.
O esquecimento da visão
“Sou eu próprio uma questão colocada ao mundo e devo fornecer minha própria resposta. Caso contrário, estarei reduzido à resposta que o mundo me der.”
— Carl Gustav Jung
A visão que viemos compartilhar com o mundo, se não for energizada, vai se obscurecendo ao longo da vida. Isso acontece porque temos que realizar uma visão informada pelo eu autêntico em uma sociedade que tem a sua própria visão de mundo e que pouco está preparada para receber a visão que floresce no solo da individualidade.
Somos desafiados a viver a nossa visão autêntica enquanto transpomos a visão reproduzida coletivamente. Continue reading →
Renúncia ao prestígio
O ser humano nasce com habilidades latentes que chamamos de dons. Quando desenvolvidos os dons se tornam talentos, isto é, algo que é feito com competência e facilidade.
A auto-realização implica desenvolver dons e exercer talentos a serviço de uma causa que nos faça sentido. Mas, em decorrência da influência exercida sistema educacional e do apego às carreiras convencionais, é difícil reconhecer e celebrar a diversidade dos dons humanos. Continue reading →
O sentido de valor para a prática regenerativa
“Valor” é uma palavra que merece ser melhor compreendida.
Diferente de preço, valor indica “a qualidade que faz com que algo se torne importante para alguém”. Apesar de muitas vezes reduzida ao caráter econômico, valor é uma medida de estima, apreço e utilidade.
Mas há muito mais nesta palavra do que a medida de importância. A etimologia da palavra valor está relacionada à palavra latina valere. Valere significa “ser vigoroso” ou “apresentar boa saúde”.
Ao resgatar este sentido, entendemos que algo gera valor quando é capaz de contribuir para o aumento da vitalidade e saúde de algo ou alguém.
O sentido de serviço
“O significado da vida é achar nosso dom. O propósito da vida é oferecê-lo ao mundo.”
— Pablo Picasso
Servir é orientar a própria vida para fazer o outro crescer e brilhar. É fazer a escolha de participar da teia da vida indo além da necessidade de autoria. É incentivar o outro a manifestar o seu melhor potencial. É ajudá-lo a se ver, se reconhecer e se realizar.
A realização pessoal é um subproduto do serviço engajado na realização do outro. A sentença franciscana “é dando que se recebe” é uma tradução poética do funcionamento da vida. A reciprocidade, ou interdependência dinâmica, é a maneira como a vida se auto-regula.
Sucesso pessoal
Uma das grandes ilusões da humanidade é a ilusão da separação. Acreditamos estar separados uns dos outros e do ambiente em que vivemos.
Este é, talvez, o nosso maior equívoco. Esta é a raiz da grande crise civilizatória cuja marca de falência é o colapso ecológico e a desarmonia social. Nós continuamos a perpetuá-la inconscientemente.
Um dos efeitos colaterais desta falsa concepção de identidade separada é o de que é possível obter sucesso pessoal mesmo que isso implique a infelicidade do outro. Claramente, um equívoco.
Quando é impossível visualizar o ano seguinte, o melhor a se fazer é construir bases sólidas
“Estamos vivendo tempos de incerteza.” Talvez esta seja a frase que você mais leu nas últimas semanas. É inevitável.
A pressão e a dor que estamos sentindo são reais. A crise múltipla é real. Todos os dias nos visita a urgência de amenizar as dores mais agudas que nos atinge. Devemos, claro, cuidar dessas dores. E devemos cuidar agora.
Mas tão necessário quanto é não se afogar na urgência dos problemas imediatos. Esta crise pode ser inesperada, mas não chega sem precedentes. É preciso respirar e cultivar clareza pois momentos difíceis como este estão reservados em qualquer cenário futuro.
Sobre a busca de visão
Uma reverência ao tradicional Vision Quest, uma súplica à cerimonialização da vida
Desde sempre o ser humano busca a solidão em paisagens naturais para compreender a si mesmo, encontrar força para atravessar desafios e caminhar com integridade pela vida. Mas, embora retirar-se na natureza em busca de visão seja uma prática tão antiga quanto a própria humanidade, o tradicional Vision Quest faz parte de contextos culturais singulares.
Vision Quest é uma expressão cunhada no século XIX por antropólogos para descrever jornadas espirituais de tradições étnicas cujos territórios foram colonialmente incorporados na atual América do Norte e, especificamente, nos Estados Unidos e Canadá. As Nações Indígenas Siksika, Cree, Anishinaabe e Inuit são algumas daquelas que, mesmo sendo violentamente desencorajadas ou impedidas por políticas nacionais, persistem realizando o Vision Quest e outras cerimônias enraizadas na etnicidade.
Câncer planetário
Me entristeço quando ouço que nós somos o câncer planetário, que a Terra não precisa de nós e que ela ficará melhor sem a nossa presença. Embora reconheça a legitimidade dessa perspectiva, sinto um tremendo vazio, impotência e angústia quando me confronto com ela. Continue reading →
#13 Saúde e a coemergência dos mundos interno e externo | com Daniel Cunha
Daniel Cunha é graduado em jornalismo e professor formado pelo programa CEB (Cultivating Emotional Balance do Santa Barbara Institute for Consciousness). Trabalha desde 2010 publicando em veículos especializados na área da saúde e medicina integrativa. É um dos produtores do podcast Coemergência.
O diagnóstico que ele recebeu de uma doença grave foi um divisor de águas para uma vida com mais consciência. Com a surpresa de um sofrimento inesperado, ele começou uma busca de novos caminhos informados por novos paradigmas de saúde que reconhecem o lugar das emoções no bem estar humano. Ele descobriu a supremacia da mente no que se refere à saúde ao perceber que a nossa visão de mundo se torna o próprio mundo que se apresenta a nós. Em uma multiplicidade de condições e confluência de causalidades, ele vêm encontrando a possibilidade de uma vida com mais liberdade, autenticidade e saúde.