O esquecimento da visão

“Sou eu próprio uma questão colocada ao mundo e devo fornecer minha própria resposta. Caso contrário, estarei reduzido à resposta que o mundo me der.”

— Carl Gustav Jung

A visão que viemos compartilhar com o mundo, se não for energizada, vai se obscurecendo ao longo da vida. Isso acontece porque temos que realizar uma visão informada pelo eu autêntico em uma sociedade que tem a sua própria visão de mundo e que pouco está preparada para receber a visão que floresce no solo da individualidade. 

Somos desafiados a viver a nossa visão autêntica enquanto transpomos a visão reproduzida coletivamente.

Da interação entre a vida social e o eu autêntico, guardião da visão que aspiramos compartilhar, nasce o ego. O ego tem as suas bases no senso de separação que nasce com o processo de individuação. Como isso se dá?

De acordo com Thomas Berry, historiador cultural, eco-teólogo e cosmólogo, são princípios orientadores do cosmos a diferenciação, a subjetivação e a comunhão. No ser humano, a construção do ego diz respeito aos processos de diferenciação e subjetivação que ancoram no mundo sujeitos com singularidades enraizadas na individualidade e com percepções subjetivas que enriquecem o tecido social. 

A construção do ego é saudável quando atravessa todas essas etapas. O desafio humano está em superar o autocentramento e o egoísmo que enviesaram os processos de diferenciação e subjetivação e caminhar em direção à comunhão e à interdependência. Isso significa o amadurecimento humano no usufruto da autoconsciência.

No entanto, a vida social característica da civilização moderna impõe inúmeros obstáculos ao alinhamento dos sistemas humanos e sociais com a inteligência da vida. O amadurecimento psíquico e a integração autêntica e compassiva da individualidade no meio pelo qual está envolvida é uma tarefa que exige tremendo comprometimento, resiliência e coragem.

O encontro entre individualidades “bem-resolvidas” e a premissa de que nós somos mais do que temos relações é o caminho em direção à saúde pessoal e planetária. Embora seja um desafio tremendo reunir Eu e Outro, humanidade e natureza, autenticidade e compaixão, realização pessoal e justiça sócio-ecológica… não podemos mais negligenciar essa tarefa. Ela é indispensável na construção de um mundo desejável e melhor do que este.

Este texto faz parte do ebook “A jornada humana em busca da visão”. Baixe o ebook gratuitamente.

Foto: Gustavo Sousa

Posted by Juliana Diniz

Através da conciliação entre desenvolvimento humano e social e a inteligência dos sistemas vivos, facilito processos de aprendizagem e transformação pessoal e coletiva que promovam a saúde planetária e protejam a memória biocultural da Terra.

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