Felipe Tavares

Trabalho para conciliar o desenvolvimento social com a inteligência dos sistemas vivos. Acredito que a sustentabilidade começa com uma mudança de pensamento e não de técnicas.
Trabalho para conciliar o desenvolvimento social com a inteligência dos sistemas vivos. Acredito que a sustentabilidade começa com uma mudança de pensamento e não de técnicas.
Comunicação como um convite à mudança

Comunicação como um convite à mudança

Uma das transformações mais impactantes proporcionadas pelo desenvolvimento regenerativo é a capacidade de renovar nossa visão de mundo, descobrindo novos potenciais e alternativas criativas que redefinem nosso senso de identidade, nosso campo profissional e nossos valores pessoais.

É natural desejarmos dividir esse entusiasmo e tais revelações com outros, e de fato, é crucial que essa experiência alcance as equipes, organizações e sistemas dos quais fazemos parte. No entanto, o entusiasmo por si só não é suficiente para uma comunicação bem-sucedida.

A realidade é que notamos que a comunicação é um desafio recorrente para os agentes da regeneração. Isso ocorre, em parte, pelo uso de um novo vocabulário, que reflete uma maneira diferente de ver e pensar e exige diversas mudanças mentais.

Portanto, em vez de explicar as ideias e conceitos do paradigma regenerativo, enfatizamos a necessidade de um processo de visualização e engajamento para tornar o conhecimento acessível e experiencial.

O quadro conceitual “Níveis de Comunicação”, criado por Charles Krone, nos ajuda a entender diferentes naturezas de comunicação e a fazer escolhas mais conscientes. Este modelo é uma hierarquia que mostra como a natureza da comunicação se transforma à medida que avançamos para níveis mais profundos de significado e mudança.

Projetar um processo no qual a comunicação é vivenciada como um convite recíproco à transformação requer, no mínimo, um design no nível de engajamento. O quadro conceitual “Comunicação à quinta potência” descreve cinco etapas em um processo de comunicação. Em cada etapa trabalhamos no desenvolvimento da função, do ser e da vontade. Seu objetivo é criar a experiência de realizar algo valioso, enquanto ao mesmo tempo crescemos e aprendemos juntos. A comunicação baseada neste modelo constrói a abertura, o entendimento e o compromisso contínuo necessários para que todos estejam plenamente engajados no processo e capazes de desenvolver e contribuir com novos pensamentos e criatividade.

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Tornando-se recurso

Um dos grandes desafios que encontramos com o paradigma regenerativo é o de desenvolvermos a capacidade de sermos recurso para o desenvolvimento de pessoas, comunidades e organizações.

Apoiados no trabalho da Carol Sanford, entendemos que ser recurso demanda de nós presença, consciência, disciplina, abertura e profundidade.

Para sermos capazes de nos engajar em um diálogo desenvolvimental e construtivo precisamos estar conscientes do que é bem-vindo e do que não é bem-vindo nestas interações. Continue reading →

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Regeneração: Um olhar vivo

Regeneração: Um olhar vivo

A mudança de concepção que o paradigma regenerativo propõe faz parte de uma antiga discussão na filosofia ocidental. 

Fritjof Capra descreve essa discussão como uma tensão entre substância e padrão, o que gerou duas linhas de investigação científica diferentes: o estudo da matéria e o estudo da forma

Segundo Capra (2016), o estudo da matéria começa com a pergunta “Do que é feito?” e leva a noções de elementos básicos e partes constitutivas, tendo como objetivo medir e quantificar. Já o estudo da forma pergunta “Qual é o padrão?” e aborda noções de ordem, organização e relacionamentos. Em vez de se concentrar em quantidade, o enfoque é na qualidade; em vez de medir, busca mapear.

Entender essa diferença é essencial para entender a proposta de valor do paradigma regenerativo. Enquanto sociedade contraímos a cegueira do reducionismo, o que nos fez focar demasiadamente nas partes e negligenciar as integralidades. Mas pessoas, organizações e cidades são sistemas integrais e se assemelham mais com sistemas vivos do que com máquinas, como nos fizeram acreditar. 

É importante, então, reconhecermos as limitações culturais que herdamos e nos colocarmos em um lugar proativo de descoberta e investigação para que possamos cultivar um olhar sistêmico e integral. E é esta a proposta do desenvolvimento regenerativo: nos afastar do pensamento reducionista e nos aproximar do pensamento sistêmico evolutivo.

Foto: Josh Sorenson

Referência: The Systems View of Life – A Unifying Vision (Capra e Luisi, 2016)

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A regeneração como um nível de trabalho

A regeneração como um nível de trabalho

Existem quatro naturezas de trabalho que todo sistema vivo — seja um organismo biológico, organizações humanas, territórios ou pessoas — deve desempenhar constantemente para se manter viável e próspero no ambiente dinâmico e complexo a que pertence.

Formulado pelo consultor organizacional Charles Krone na década de 70, o quadro conceitual Ordens ou Níveis de trabalho descreve essas diferentes naturezas de trabalho. O quadro se apoia no pensamento sistêmico e no trabalho de David Bohm.

Os níveis de trabalho inferiores, operar e manter, focam em aspectos da existência, isto é, no que já existe hoje. Os níveis superiores, aprimorar e regenerar, focam em aspectos potenciais, ou seja, no que existe mas ainda não foi manifestado.

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As principais capacidades sistêmicas

Coevolução newsletter #11

Uma das premissas do trabalho sistêmico e regenerativo é que pequenas intervenções conscientes no local correto podem criar efeitos sistêmicos benéficos.

Isso só é possível quando somos capazes de ter um olhar sistêmico e integral para um determinado contexto.

Existem habilidades que precisam ser desenvolvidas se quisermos ter esta visão ampliada e relacional. Abaixo segue as principais capacidades sistêmicas necessárias para o trabalho de transformação.

Reconhecer as interconexões

Este é o nível básico do pensamento sistêmico. Essa habilidade envolve a capacidade de identificar as principais conexões entre as partes de um sistema. Mesmo adultos com alto nível de escolarização, sem treinamento em pensamento sistêmico, tendem a não ter essa capacidade.

As conexões fazem com que o comportamento de uma parte afete a outra. Todas as partes estão conectadas, uma mudança em qualquer parte ou conexão afeta todo o sistema.

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Sobre nuvens e relogios

Coevolução newsletter #10

Este ano estamos dedicados a construir um currículo de base para apoiar a prática regenerativa.

Sendo uma prática para a transformação de sistemas vivos, a regeneração se apoia amplamente no pensamento sistêmico. Nos próximos meses é por aí que vai caminhar a nossa atenção.

Por exemplo, você sabe o que é um problema do tipo relógio e um problema do tipo nuvem? Essa é talvez a primeira distinção que precisamos fazer ao entrar neste universo de sistemas.

Alguns tipos de problemas se assemelham a um relógio. Possuem fronteiras bem definidas, relações de causa e efeito conhecidas e as partes podem ser identificadas e reparadas. Os problemas de engenharia, a partir de um olhar pontual, são problemas do tipo relógio. Eles são problemas estáveis em que há um entendimento comum sobre qual é o problema e qual solução o resolverá.

 

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Ativação da vontade

Coevolução newsletter #9

Ontem no workshop Atributos do praticante regenerativo mergulhamos na ideia de que a regeneração é uma prática de ativação da vontade. A vontade enquanto um aspecto da natureza humana é a força que governa e determina o nosso fazer e o nosso ser.

Mas como sustentar a energia da vontade? O trabalho regenerativo parte do entendimento de que a motivação pessoal ganha um terreno fértil quando somos capazes de desempenhar um papel único que contribui para a saúde e evolução dos lugares que são importantes para nós.

Nesta ideia estão contidas duas fontes de motivação que devem ser conciliadas. A primeira fonte é interna e corresponde aos nossos interesses genuínos e qualidades particulares. Podemos chamá-la de força de ativação pois ela gera o impulso para criar algo. Continue reading →

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Pensamento a partir de primeiros princípios

Coevolução newsletter #3

O pensamento a partir de primeiros princípios é uma forma de raciocínio que nos ajuda a fugir de hábitos mentais danosos e a remover ruídos.

Um primeiro princípio é uma proposição fundamental sobre algo. É uma verdade que se sustenta sozinha.

Para pensar a partir de primeiros princípios precisamos abandonar nossas pré-concepções e iniciar um processo de investigação a fim de  revelar o que é mais essencial, fundamental e verdadeiro sobre algo.

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Coevolução, uma direção para a sociedade de alta sinergia

Coevolução newsletter #2

Trago algumas reflexões a partir de um conceito poderoso, a coevolução.

Todos os organismos vivos participam ativamente da evolução. Enquanto participantes, eles afetam não só os seus destinos, mas o destino de todo o seu ecossistema.

Dois ou mais organismos estão em coevolução quando são capazes de estabelecer relações sinérgicas onde ambos se beneficiam e ao mesmo tempo são capazes de contribuir com o desenvolvimento do ecossistema ao qual pertencem.

O entendimento mais profundo do significado de coevolução e o seu desdobramento pode ter um grande impacto em nossos projetos e vidas.

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Pensamento à montante

Coevolução newsletter #1

Vivemos uma grande crise, a crise do saber.

Muitos pensadores corroboram a afirmação de David Bohm de que “a fonte última dos nossos problemas está no pensamento em si”. Mas como superar essa limitação?

Edgar Morin discute que em nossa civilização “a causa profunda do erro não está no erro de fato (falsa percepção) ou no erro lógico (incoerência), mas no modo de organização de nosso saber em um sistema de ideias (teorias, ideologias)”.

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