Felipe Tavares

Trabalho para conciliar o desenvolvimento social com a inteligência dos sistemas vivos. Acredito que a sustentabilidade começa com uma mudança de pensamento e não de técnicas.
Trabalho para conciliar o desenvolvimento social com a inteligência dos sistemas vivos. Acredito que a sustentabilidade começa com uma mudança de pensamento e não de técnicas.

Paisagem Cultural: um olhar integral para o território

Recentemente tivemos a oportunidade de participar de uma formação técnica sobre Paisagens Culturais oferecida pelo IEPHA-MG.

Este conceito é importante para nós pois permite superar a dicotomia entre natureza e cultura, patrimônio material e imaterial, entendendo-os como um conjunto único, um todo vivo e dinâmico.

Paisagem cultural como totalidade viva

Não há “natureza” de um lado e “cultura” de outro, mas uma teia viva, resultado da interação histórica entre pessoas, ecossistemas, modos de vida e valores simbólicos. Reconhecer essa totalidade é reconhecer que o território é mais do que um somatório de bens materiais ou práticas imateriais: ele é um organismo vivo, onde os elementos só ganham sentido na relação que estabelecem uns com os outros.

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Comunicação como um convite à mudança

Comunicação como um convite à mudança

Uma das transformações mais impactantes proporcionadas pelo desenvolvimento regenerativo é a capacidade de renovar nossa visão de mundo, descobrindo novos potenciais e alternativas criativas que redefinem nosso senso de identidade, nosso campo profissional e nossos valores pessoais.

É natural desejarmos dividir esse entusiasmo e tais revelações com outros, e de fato, é crucial que essa experiência alcance as equipes, organizações e sistemas dos quais fazemos parte. No entanto, o entusiasmo por si só não é suficiente para uma comunicação bem-sucedida.

A realidade é que notamos que a comunicação é um desafio recorrente para os agentes da regeneração. Isso ocorre, em parte, pelo uso de um novo vocabulário, que reflete uma maneira diferente de ver e pensar e exige diversas mudanças mentais.

Portanto, em vez de explicar as ideias e conceitos do paradigma regenerativo, enfatizamos a necessidade de um processo de visualização e engajamento para tornar o conhecimento acessível e experiencial.

O quadro conceitual “Níveis de Comunicação”, criado por Charles Krone, nos ajuda a entender diferentes naturezas de comunicação e a fazer escolhas mais conscientes. Este modelo é uma hierarquia que mostra como a natureza da comunicação se transforma à medida que avançamos para níveis mais profundos de significado e mudança.

Projetar um processo no qual a comunicação é vivenciada como um convite recíproco à transformação requer, no mínimo, um design no nível de engajamento. O quadro conceitual “Comunicação à quinta potência” descreve cinco etapas em um processo de comunicação. Em cada etapa trabalhamos no desenvolvimento da função, do ser e da vontade. Seu objetivo é criar a experiência de realizar algo valioso, enquanto ao mesmo tempo crescemos e aprendemos juntos. A comunicação baseada neste modelo constrói a abertura, o entendimento e o compromisso contínuo necessários para que todos estejam plenamente engajados no processo e capazes de desenvolver e contribuir com novos pensamentos e criatividade.

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Tornando-se recurso

Um dos grandes desafios que encontramos com o paradigma regenerativo é o de desenvolvermos a capacidade de sermos recurso para o desenvolvimento de pessoas, comunidades e organizações.

Apoiados no trabalho da Carol Sanford, entendemos que ser recurso demanda de nós presença, consciência, disciplina, abertura e profundidade.

Para sermos capazes de nos engajar em um diálogo desenvolvimental e construtivo precisamos estar conscientes do que é bem-vindo e do que não é bem-vindo nestas interações. Continue reading →

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Regeneração: Um olhar vivo

Regeneração: Um olhar vivo

A mudança de concepção que o paradigma regenerativo propõe faz parte de uma antiga discussão na filosofia ocidental. 

Fritjof Capra descreve essa discussão como uma tensão entre substância e padrão, o que gerou duas linhas de investigação científica diferentes: o estudo da matéria e o estudo da forma

Segundo Capra (2016), o estudo da matéria começa com a pergunta “Do que é feito?” e leva a noções de elementos básicos e partes constitutivas, tendo como objetivo medir e quantificar. Já o estudo da forma pergunta “Qual é o padrão?” e aborda noções de ordem, organização e relacionamentos. Em vez de se concentrar em quantidade, o enfoque é na qualidade; em vez de medir, busca mapear.

Entender essa diferença é essencial para entender a proposta de valor do paradigma regenerativo. Enquanto sociedade contraímos a cegueira do reducionismo, o que nos fez focar demasiadamente nas partes e negligenciar as integralidades. Mas pessoas, organizações e cidades são sistemas integrais e se assemelham mais com sistemas vivos do que com máquinas, como nos fizeram acreditar. 

É importante, então, reconhecermos as limitações culturais que herdamos e nos colocarmos em um lugar proativo de descoberta e investigação para que possamos cultivar um olhar sistêmico e integral. E é esta a proposta do desenvolvimento regenerativo: nos afastar do pensamento reducionista e nos aproximar do pensamento sistêmico evolutivo.

Foto: Josh Sorenson

Referência: The Systems View of Life – A Unifying Vision (Capra e Luisi, 2016)

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A regeneração como um nível de trabalho

A regeneração como um nível de trabalho

Existem quatro naturezas de trabalho que todo sistema vivo — seja um organismo biológico, organizações humanas, territórios ou pessoas — deve desempenhar constantemente para se manter viável e próspero no ambiente dinâmico e complexo a que pertence.

Formulado pelo consultor organizacional Charles Krone na década de 70, o quadro conceitual Ordens ou Níveis de trabalho descreve essas diferentes naturezas de trabalho. O quadro se apoia no pensamento sistêmico e no trabalho de David Bohm.

Os níveis de trabalho inferiores, operar e manter, focam em aspectos da existência, isto é, no que já existe hoje. Os níveis superiores, aprimorar e regenerar, focam em aspectos potenciais, ou seja, no que existe mas ainda não foi manifestado.

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As principais capacidades sistêmicas

Coevolução newsletter #11

Uma das premissas do trabalho sistêmico e regenerativo é que pequenas intervenções conscientes no local correto podem criar efeitos sistêmicos benéficos.

Isso só é possível quando somos capazes de ter um olhar sistêmico e integral para um determinado contexto.

Existem habilidades que precisam ser desenvolvidas se quisermos ter esta visão ampliada e relacional. Abaixo segue as principais capacidades sistêmicas necessárias para o trabalho de transformação.

Reconhecer as interconexões

Este é o nível básico do pensamento sistêmico. Essa habilidade envolve a capacidade de identificar as principais conexões entre as partes de um sistema. Mesmo adultos com alto nível de escolarização, sem treinamento em pensamento sistêmico, tendem a não ter essa capacidade.

As conexões fazem com que o comportamento de uma parte afete a outra. Todas as partes estão conectadas, uma mudança em qualquer parte ou conexão afeta todo o sistema.

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Sobre nuvens e relogios

Coevolução newsletter #10

Este ano estamos dedicados a construir um currículo de base para apoiar a prática regenerativa.

Sendo uma prática para a transformação de sistemas vivos, a regeneração se apoia amplamente no pensamento sistêmico. Nos próximos meses é por aí que vai caminhar a nossa atenção.

Por exemplo, você sabe o que é um problema do tipo relógio e um problema do tipo nuvem? Essa é talvez a primeira distinção que precisamos fazer ao entrar neste universo de sistemas.

Alguns tipos de problemas se assemelham a um relógio. Possuem fronteiras bem definidas, relações de causa e efeito conhecidas e as partes podem ser identificadas e reparadas. Os problemas de engenharia, a partir de um olhar pontual, são problemas do tipo relógio. Eles são problemas estáveis em que há um entendimento comum sobre qual é o problema e qual solução o resolverá.

 

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Ativação da vontade

Coevolução newsletter #9

Ontem no workshop Atributos do praticante regenerativo mergulhamos na ideia de que a regeneração é uma prática de ativação da vontade. A vontade enquanto um aspecto da natureza humana é a força que governa e determina o nosso fazer e o nosso ser.

Mas como sustentar a energia da vontade? O trabalho regenerativo parte do entendimento de que a motivação pessoal ganha um terreno fértil quando somos capazes de desempenhar um papel único que contribui para a saúde e evolução dos lugares que são importantes para nós.

Nesta ideia estão contidas duas fontes de motivação que devem ser conciliadas. A primeira fonte é interna e corresponde aos nossos interesses genuínos e qualidades particulares. Podemos chamá-la de força de ativação pois ela gera o impulso para criar algo. Continue reading →

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Pensamento a partir de primeiros princípios

Coevolução newsletter #3

O pensamento a partir de primeiros princípios é uma forma de raciocínio que nos ajuda a fugir de hábitos mentais danosos e a remover ruídos.

Um primeiro princípio é uma proposição fundamental sobre algo. É uma verdade que se sustenta sozinha.

Para pensar a partir de primeiros princípios precisamos abandonar nossas pré-concepções e iniciar um processo de investigação a fim de  revelar o que é mais essencial, fundamental e verdadeiro sobre algo.

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Coevolução, uma direção para a sociedade de alta sinergia

Coevolução newsletter #2

Trago algumas reflexões a partir de um conceito poderoso, a coevolução.

Todos os organismos vivos participam ativamente da evolução. Enquanto participantes, eles afetam não só os seus destinos, mas o destino de todo o seu ecossistema.

Dois ou mais organismos estão em coevolução quando são capazes de estabelecer relações sinérgicas onde ambos se beneficiam e ao mesmo tempo são capazes de contribuir com o desenvolvimento do ecossistema ao qual pertencem.

O entendimento mais profundo do significado de coevolução e o seu desdobramento pode ter um grande impacto em nossos projetos e vidas.

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