Coevolução newsletter #1
Vivemos uma grande crise, a crise do saber.
Muitos pensadores corroboram a afirmação de David Bohm de que “a fonte última dos nossos problemas está no pensamento em si”. Mas como superar essa limitação?
Edgar Morin discute que em nossa civilização “a causa profunda do erro não está no erro de fato (falsa percepção) ou no erro lógico (incoerência), mas no modo de organização de nosso saber em um sistema de ideias (teorias, ideologias)”.
A limitação do pensamento está nas estruturas cognitivas e organizativas que geram o pensamento em primeiro lugar. Você pode achar que está pensando seus próprios pensamentos, mas você não está. Como Krishnamurt sabiamente disse, “você está pensando os pensamentos da sua cultura”.
Nós só conseguimos refletir a partir de ideias, conceitos, mitos e quadros organizativos pré-concebidos. Estas estruturas cognitivas geram um paradigma associado, um jeito particular de conceber e interagir com o mundo. Nós herdamos esta estrutura e, a menos que haja um esforço consciente de libertação do pensamento colonizado, continuaremos pensando da mesma forma antiga e inadequada.
Mas como mudar o nosso pensamento quando ele opera de forma invisível na maior parte do tempo? Ben Haggard, do Grupo Regenesis, afirma que “a maioria dos esforços para mudar o pensamento foca no que é visível aos sentidos”. Estas são as nossas ideias, o que nós pensamos sobre em vez do processo do pensamento em si. Nós conseguimos ver os objetos do pensamento mas não conseguimos ver de onde ele surge ou como é gerado.
Mas para que um esforço de mudança traga um resultado significativo, Haggard completa, “é necessário trabalhar seriamente em como nós pensamos, reorientar o que nós pensamos sobre, no que prestamos atenção e consequentemente no que fazemos”.
O pensamento à jusante foca no que fazemos e é reativo. O pensamento à montante foca em como pensamos e é intencional.
O avanço do paradigma ecológico e de outras epistemologias propiciou o surgimento de novas estruturas de pensamento que são mais apropriadas para um mundo complexo, dinâmico e vivo.
O paradigma regenerativo utiliza uma coleção de princípios e quadros conceituais sistêmicos e dinâmicos que nos ajudam a refinar o nosso pensamento a partir da inteligência da vida. O conjunto destes quadros conceituais, ferramentas e narrativas formam um pensamento integrado que é fundamental para o trabalho regenerativo. Este pensamento nos ajuda a trabalhar com sistemas complexos sem fragmentá-los — uma capacidade essencial para nos engajarmos com o dinamismo do mundo vivo.
Alfabetizar-nos em quadros conceituais e princípios oriundos do paradigma regenerativo é uma das melhores formas de transformarmos o nosso pensamento e orientá-lo de acordo com a inteligência que permeia a evolução da vida.
Através desta newsletter vamos compartilhar com você alguns destes quadros conceituais e princípios importantes. Aos poucos um universo de possibilidades se abre e vamos deixando para trás antigos hábitos de pensamento que já não nos servem.
“Os maiores problemas do mundo são resultado da diferença entre como a natureza funciona e como as pessoas pensam.” — Gregory Bateson
Reflexões
- A principal origem das múltiplas crises que vivemos está no pensamento em si.
- A limitação do pensamento está nas estruturas cognitivas e organizativas que geram o pensamento em primeiro lugar.
- Você não pensa os seus pensamentos, você pensa os pensamentos da sua cultura.
- Mais importante do que pensar sobre o que pensamos é pensar sobre como pensamos.
- O pensamento à jusante foca no que fazemos e é reativo. O pensamento à montante foca em como pensamos e é intencional.
- Se alfabetizar em quadros conceituais oriundos do paradigma regenerativo é uma ótima forma de alinharmos o nosso pensamento com a inteligência da vida.
Amplie suas capacidades para a transformação sistêmica
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