Dois mundos coexistem. O dominante, com o qual estamos acostumados, é pautado pela dominação. Podemos chamá-lo de mundo da separação pois este acredita que todos os seres são separados e operam a partir do autointeresse. Desta forma, o que existe é um ambiente ferrenho de competição.
O outro, embrionário mas latente, é um mundo pautado pela integralidade e respeito à vida. Este reconhece que todos fazemos parte de uma teia viva e que somos interdependentes. Por isso, podemos chamá-lo de mundo do interser. Nele acreditamos que só é possível existir porque todas as outras coisas existem. Assim, temos um ambiente de cooperação rumo à coevolução dos sistemas vivos.
O agente de regeneração habita estes dois mundos. Quando olhamos para as tristezas do mundo da separação podemos ficar desesperançosos. É fácil sentir-se pequeno diante um mundo-monstro. Mas, mesmo assim somos compelidos a trabalhar neste lugar.
O trabalho que a liderança regenerativa desempenha no mundo da separação é o de resistência, reparo e cura. É a tentativa de impedir que um mal maior seja feito. É uma dura luta para frear a destruição.
A realidade do mundo da separação, no entanto, não invalida os avanços do mundo do interser. Coexistindo com todas as mazelas, há grandes líderes e iniciativas que são a materialização de um mundo melhor.
Viver entre dois mundos é aceitar a incerteza, a ambiguidade e a contradição da caminhada. É realizar o “trabalho de bombeiro” do ativista e ao mesmo tempo desempenhar o “trabalho de visionário” que constrói novos caminhos.
Trabalhar no mundo do interser é fazer o impossível. É operar a partir dos nossos corações e cultivar uma mente ampla e amorosa o suficiente para cuidar e nutrir iniciativas transformadoras.
Te convido, humildemente, a assumir o seu lugar. Nem lá, nem cá, entre dois mundos, abrindo trilhas desconhecidas, mostrando o caminho para um mundo mais bonito ao mesmo tempo em que cura e repara os danos já causados.
Foto: Sina Katirachi