A regeneração — em sua multiplicidade — está florescendo e ganhando importância em um ritmo muito mais acelerado do que poderíamos prever.
Alguns sinais nos mostram que a narrativa regenerativa quebrou barreiras culturais significativas e continua despertando o interesse em diferentes espaços.
A publicação do livro Design de culturas regenerativas em 2019 pela Editora Bambual e sua rápida aceitação pelo público ampliou consideravelmente o alcance do movimento no Brasil.
A discussão cresceu impulsionada por entusiastas como nós do IDR que publicamos mais de 120 artigos, textos rápidos e podcasts; pelo grupo Design Regenerativo no facebook idealizado pela Flavia Vivacka com quase três mil membros; pelas excelentes comunicadoras do Futuro Possível e mais e mais ativadores que chegam a cada dia.
Academicamente, eu ofereci minha singela contribuição publicando o primeiro artigo brasileiro sobre Desenvolvimento e Design Regenerativo no XII Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica em 2017. Outros estudos acadêmicos estão em andamento e o livro Design de Culturas Regenerativas foi incorporado na bibliografia obrigatória da Graduação de Design da PUC-Rio no ano passado, um sinal muito relevante para nós ativistas da regeneração planetária.
Na mídia, a regeneração se fez presente no belo artigo Regenerar o mundo publicado pelo UOL com contribuições minhas e da Thais Mantovani do Futuro Possível. A Revista Trip traçou um perfil do John Fullerton, fundador do Capital Institute e autor do documento Regenerative Capitalism de 2015. Já teve matéria na Forbes em 2018 colocando a regeneração como uma revolução capaz de reverter as mudanças climáticas e saiu também no New York Times uma matéria sobre Turismo Regenerativo além de outras coisas que com certeza escapam do meu radar.
Comunicando para o mundo corporativo, dois relatórios de tendência relevantes colocaram a regeneração como um novo caminho para a sustentabilidade. A Wunderman Thompson em 2018 publicou o relatório The New Sustainability: Regeneration e a WGSN em 2019 o relatório Sustentabilidade por meio do design regenerativo. Na iniciativa privada vimos um interesse crescente pelos insights e fundamentos que o desenvolvimento regenerativo é capaz de oferecer.
No âmbito governamental, o estado inglês se apoiou em grandes expoentes do movimento regenerativo através da Fundação Commonwealth para pensar projetos a longo prazo que aliam desenvolvimento territorial com a reversão do caos climático. No Brasil, a Escola de Governo do Estado de Goiás demonstrou o seu interesse pelo Design Regenerativo e me convidou para uma palestra voltada aos funcionários públicos do estado, um pequeno gesto mas com um precedente importante.
O movimento por justiça climática abraçou a regeneração com o Extinction Rebellion que colocou as culturas regenerativas como um de seus principais pilares.
Estes são pequenos pontos em uma rede complexa de interações que está se transformando e crescendo a cada dia. Há muito mais acontecendo por aí do que eu consigo enxergar e imaginar.
Você percebeu o quão amplo e diverso são as manifestações do paradigma regenerativo? Tão amplo e diverso quanto o próprio entendimento sobre o que regeneração significa.
Este cenário nos informou um papel importante a ser desempenhado, um papel que nós do IDR acreditamos estar capacitados para assumir. Precisamos construir oportunidades de capacitação e entendimento aprofundado sobre o paradigma regenerativo. Muitas pessoas querem isso, mas não encontram a oportunidade de serem orientadas na construção coerente e ordenada do pensamento para o entendimento do que é e o que significa trabalhar a partir da abordagem regenerativa.
Nós assumimos a missão de fazer isso de forma estruturada e estamos dando o primeiro passo nesse sentido.
Por isso, a primeira trilha de aprendizagem que vamos lançar no Círculo Regenerativo, a nossa comunidade de prática, é a Introdução ao paradigma regenerativo. Talvez esta trilha seja mais do que uma introdução, mas é o nosso esforço para apresentar o tema da forma que você e o movimento regenerativo merecem.
Este é o nosso primeiro passo. Na comunidade teremos a oportunidade de construir juntos outras iniciativas que contribuam com esta missão. Reconhecemos a importância de oferecer oportunidades de aprendizagem gratuita e vamos fazer isso à medida que este trabalho se desdobra.
Por fim, deixo a ementa da trilha como um convite para você se juntar a nós nesta caminhada.
Introdução ao paradigma regenerativo
A primeira trilha de aprendizagem da comunidade de prática
- Um convite a participação apropriada
- O que é regeneração?
- Dois paradigmas de sustentabilidade
- Equilíbrio, resiliência e coevolução
- Evolução do design ecológico
- Emergência do paradigma regenerativo
- Regeneração, uma linha do tempo
- Primeiros princípios
- A natureza intrínseca do trabalho regenerativo
- A regeneração como um nível de trabalho
- Imperativos do paradigma regenerativo
- As três linhas de trabalho do praticante regenerativo
- Regeneração: Ciência, prática e movimento
- Seguindo adiante
Que inspirador ler sobre o florescimento do paradigma regenerativo e sua expressão concreta no mundo por diversos caminhos.
Que muita gente possa conhecer e se inspirar nestes trabalhos, se tomar de otimismo e se motivar a juntar-se ao movimento como agentes regenerativos.
São linguagens diferenciadas e específicas… será que tem um perfil de pessoas capazes dessas linguagens ou está acessível à compreensão de todos ?