Juliana Diniz

Através da conciliação entre desenvolvimento humano e social e a inteligência dos sistemas vivos, facilito processos de aprendizagem e transformação pessoal e coletiva que promovam a saúde planetária e protejam a memória biocultural da Terra.
Através da conciliação entre desenvolvimento humano e social e a inteligência dos sistemas vivos, facilito processos de aprendizagem e transformação pessoal e coletiva que promovam a saúde planetária e protejam a memória biocultural da Terra.

Ética regenerativa

Foto: Theo lonic

A pergunta que move o praticante regenerativo é: como me tornar recurso para o desenvolvimento da vida nessa situação?

A atuação do praticante nessa direção exige mais do que a intenção, embora ela seja o ponto de partida. Suspender o impulso de oferecer respostas e sustentar o olhar em busca de oportunidades genuínas de desenvolvimento é uma musculatura a ser construída com base em prática e repetição.

Nutrir um espaço fértil de desenvolvimento genuíno e realização de potencial pede que renunciemos a nossas expectativas e opiniões para ajudar o outro a enxergar novos potenciais por si mesmo e a fazer escolhas mais conectadas com seu papel e seu contexto.

Nessa prática, alguns pontos cegos precisam se tornar aparentes:

  1. nossas suposições, geralmente equivocadas;
  2. a influência que nossos estados de ser (estado mental e emocional) estão tendo na nossa receptividade ao outro e ao contexto;
  3. simpatias e antipatias com base nas afinidades que temos com determinadas abordagens;
  4. falta de humildade;
  5. o padrão mecânico e objetivista com que operamos na maior parte do tempo.

Há gestos que são bem vindos e outros que não são para uma interação construtiva, capaz de despertar a motivação das pessoas e revelar caminhos de evolução.

Um diálogo “regenerativo”, que gera um campo de alta vitalidade, não é sobre nós e na maioria das vezes nossas opiniões não são bem-vindas. Para descobrir o que é relevante para o desenvolvimento do outro — seja uma pessoa, grupo ou instituição — precisamos deslocar nossa atenção de nós para eles, mais especificamente para a sua interioridade e ambiência.

Uma imagem pode ajudar.

Quando queremos podar uma planta para favorecer a sua frutificação, consideramos onde estão os brotos emergentes e as condições do ambiente que os ajudarão a se desenvolver. Onde abrir espaço para entrar mais luz? Saímos totalmente de nós, mergulhamos no outro e no seu contexto, para descobrir por onde a vida quer seguir.

Com pessoas é da mesma forma. Onde está o potencial de germinação e frutificação? Como criar condições (em vez de “fazer acontecer”, forçar o nascimento…) para que esse impulso se desenvolva de forma autônoma? Quais elementos do contexto considerar e modular para que este ser encontre por si mesmo os caminhos de realização do seu potencial?

 

O primeiro módulo do Programa de Desenvolvimento do Profissional de Impacto é dedicado a isso: nos ajudar a nos tornar recursos a serviço do desenvolvimento da vida.

Vamos trabalhar frameworks e capacidades que nos ajudarão a gerar o estado de presença e consciência necessários para elevar a qualidade dos encontros, das nossas relações e da nossa atuação profissional.

Agosto a março no Círculo Regenerativo.

Saiba mais

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Uma perspectiva particular de regeneração

Foto: Carlos Magno

O movimento regenerativo é um campo povoado por diferentes entendimentos, muitos deles associados a uma visão genérica de “um mundo mais ecológico”. O desenvolvimento regenerativo faz parte desse movimento mais amplo e contribui com ele oferecendo uma perspectiva particular de regeneração, partindo da premissa de que “o que faz algo regenerativo em seus efeitos é a aplicação de um pensamento regenerativo”.

Reunimos algumas ideias nesse pequeno texto para compartilhar com você algumas das particularidades do desenvolvimento regenerativo e do tipo de mudança que essa abordagem busca provocar.

Após décadas de estudo dos padrões que sustentam a vitalidade e a evolução dos sistemas vivos, e da observação desses mesmos padrões em territórios e comunidades, o grupo Regenesis propõe a seguinte definição:

Regeneração é a construção de relações sinérgicas entre sistemas humanos e naturais, através das quais os atores e iniciativas locais, a partir de seus papeis singulares, contribuem para a saúde, resiliência e evolução do seu lugar.

Regeneração não é, portanto, um novo nome para sustentabilidade, nem um rótulo para melhorias incrementais. Não se trata de “fazer o bem” ou gerar “impacto positivo”. A regeneração está relacionada à presença e recuperação da vida e da vitalidade de um sistema como um todo, e exige um compromisso com os processos sistêmicos e dinâmicos que acontecem ali. Continue reading →

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Mercado Novo — Uma experiência de regeneração urbana em Belo Horizonte

Flávio Tavares

O Mercado Novo, localizado no centro de Belo Horizonte, tornou-se um exemplo vibrante de regeneração urbana e cultural. Originalmente concebido nos anos 1960 como um centro comercial, o espaço passou décadas subutilizado até que, nos últimos anos, um movimento espontâneo de empreendedores, artistas e coletivos começou a utilizá-lo com um novo propósito.

Antes de se tornar um atrativo turístico e polo de cultura, gastronomia e economia criativa, o Mercado Novo era um espaço pouco conhecido. Diferente do vizinho Mercado Central, que sempre manteve um fluxo intenso de visitantes e turistas, o edifício não alcançou inicialmente o protagonismo esperado. Durante décadas abrigou principalmente gráficas, papelarias e pequenas lojas de atacado, funcionando de maneira discreta, quase invisível na dinâmica urbana da cidade. O envelhecimento do prédio, os estandes vazios e a pouca movimentação fizeram com que ele passasse a ser visto como um espaço degradado.

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Entre o otimismo superficial e o realismo desanimador

Foto: Vincent Van Zalinge

Recentemente li um desabafo da Nora Bateson em que ela falava da “complexidade e enormidade do emaranhamento sistêmico das situações desta era”.

Na experiência dela, na minha, e imagino que na sua também, é difícil não ficar desmoralizado diante da obscuridade que se apresenta no mundo.

A sensação de estar sem saída e de não estar contribuindo de forma significativa e o desânimo por não ter perspectivas de futuro seguras e animadoras são recorrentes na experiência de quem busca viver e trabalhar com responsabilidade e sentido.

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Objetivos regenerativos

Como gerar um processo em que os objetivos estabelecidos por um projeto impulsionam a evolução dos seus lugares?

Como fazer com que os projetos prosperem mesmo depois da saída dos seus iniciadores?

Nas últimas semanas estivemos trabalhando na Capacitação em Desenvolvimento Regenerativo a importância de tomar o potencial local como fundamento dos projetos. Agora vamos trabalhar as características que devem ter os objetivos de um projeto que pretende contribuir para a regeneração do seu território.

Aproveitamos para postar no blog do IDR um pouco do que estamos discutindo.

Começando pelo potencial local

Identificar o potencial local cria as condições iniciais para o envolvimento dos projetos com os seus lugares. Ver um novo potencial é quase sempre uma fonte de energia, mas aproveitar e investir essa energia para levar um projeto adiante requer o estabelecimento de objetivos estratégicos. É através da definição de objetivos apropriados que ambos, o projeto e o seu lugar, podem realmente evoluir.

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Podcast: A teoria de mudança do desenvolvimento regenerativo

Esse episódio é uma aula onde o Felipe Tavares apresenta a linhagem do desenvolvimento regenerativo, os princípios da regeneração na sua aplicação em projetos e o estudo de caso do Instituto Ecos na Educação que atua na Serra da Canastra. Nesse estudo de caso os princípios da regeneração foram usados como diretrizes de design para apoiar um processo de redescoberta de propósito do Ecos. Continue reading →

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Permanência, longevidade e viabilidade

Sinergias entre o desenvolvimento regenerativo e os ensinamentos de E. F. Schumacher

Foto: Skylar Jean

“Sob um ponto de vista econômico, o conceito central da sabedoria é a permanência. Temos de estudar a economia da permanência. Nada faz sentido economicamente salvo se sua continuidade por longo tempo puder ser projetada sem incorrer em absurdos. Pode haver ‘crescimento’ rumo a um objetivo limitado, mas não pode haver crescimento ilimitado e generalizado.” — E. F. Schumacher

A preocupação com a longevidade dos empreendimentos humanos também está no cerne do desenvolvimento regenerativo, afinal regeneração é sobre aumentar o potencial ou recuperar a vitalidade perdida de um sistema vivo.

Ao liderarmos ou apoiarmos um projeto, a lente do desenvolvimento regenerativo sempre nos leva a perguntar:

Quais condições devemos criar no projeto, no lugar do projeto e nos atores envolvidos para que eles sigam se desenvolvendo e realizando novos potenciais mesmo após a nossa saída?

Que tipo de intervenção devemos fazer para que eles cresçam para além da nossa contribuição inicial? Continue reading →

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Fenomenologia e Desenvolvimento Regenerativo

 

Na próxima segunda nos encontramos com a comunidade do Círculo Regenerativo para trabalhar a fenomenologia aplicada ao desenvolvimento territorial e à regeneração dos lugares.

Desde que conhecemos a abordagem do Desenvolvimento e Design Regenerativo percebemos — e nos foi dito — que ela tem um fundamento fenomenológico, embora essa relação não esteja totalmente explícita nos materiais e diálogos que já tivemos com o grupo Regenesis, os precursores da metodologia. Então, resolvemos nós destrinchar a conexão entre essas duas abordagens que nos parecem tão próximas e complementares. Neste encontro queremos compartilhar o que estamos descobrindo com essa pesquisa.

De antemão, podemos dizer que ambas compartilham de uma visão de mundo que tem na sua base o interesse genuíno pelo modo como se comportam fenômenos vivos. Do ponto de vista prático, ambas oferecem processos e métodos capazes de criar um processo consensual de design baseado em princípios de funcionamento da vida como os de holismo/integralidade, evolução/desenvolvimento, essência/singularidade, complexidade, emergência etc. Continue reading →

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Vamos praticar? (convite para ampliar a percepção)

Foto: Mauro Moura

No fim do último email que enviamos na newsletter havia um “convite para aumentar a percepção”. O texto do email abordava a relação entre saúde, liberdade e autoconsciência a partir da perspectiva antroposófica e fazia um convite para a tomada de consciência a respeito do que pode estar sendo dito por uma situação que nos toca e provoca.

Com esse email quero reforçar o convite feito e indicar alguns movimentos de um modo de observar fenomenologicamente eventos cotidianos. O que segue aqui é uma derivação para observar fenômenos humanos e sociais a partir da metodologia de observação de fenômenos naturais de Goethe. Continue reading →

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Saúde, liberdade e autoconsciência (e fenomenologia)

Foto: Ahmad Odeh

 

“A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas.” — Rudolf Steiner

Essa é uma célebre frase de Rudolf Steiner que traduz sua filosofia da liberdade.

Para a Antroposofia, ciência espiritual iniciada por Steiner, é de extrema importância que os seres humanos se desenvolvam através da (e em direção à) liberdade, e que todo o processo de desenvolvimento humano facilitado pelos pais, educadores e demais profissionais da área contribua para isso.

Realizar um Eu livre no mundo significa experienciar o amadurecimento biológico, psicológico e espiritual sendo capaz de transformar os desafios biográficos de forma autêntica por um Eu que traz consigo uma vocação singular e se manifesta por meio da autoconsciência.

Nesse sentido, liberdade tem a ver com a atuação comprometida deste Eu na metaformose daquilo que constitui o indivíduo mas que, de alguma forma, impede a expressão autêntica da sua individualidade. Vamos aprofundar nisso. Continue reading →

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