Recentemente tivemos a oportunidade de participar de uma formação técnica sobre Paisagens Culturais oferecida pelo IEPHA-MG.
Este conceito é importante para nós pois permite superar a dicotomia entre natureza e cultura, patrimônio material e imaterial, entendendo-os como um conjunto único, um todo vivo e dinâmico.
Paisagem cultural como totalidade viva
Não há “natureza” de um lado e “cultura” de outro, mas uma teia viva, resultado da interação histórica entre pessoas, ecossistemas, modos de vida e valores simbólicos. Reconhecer essa totalidade é reconhecer que o território é mais do que um somatório de bens materiais ou práticas imateriais: ele é um organismo vivo, onde os elementos só ganham sentido na relação que estabelecem uns com os outros.
Integralidade e visão holística do território
Ao propor a paisagem cultural como categoria de proteção, o IPHAN incorpora uma noção de integralidade que dialoga diretamente com o olhar regenerativo: cuidar da totalidade do território, sem fragmentá-lo em áreas isoladas. Essa perspectiva permite ver a cultura inscrita nas formas da terra, nos rios, nas construções e nos rituais, assim como ver a natureza presente nos símbolos, nas narrativas e nas práticas sociais. É um convite a trabalhar com a complexidade, honrando tanto a dimensão tangível quanto a intangível do lugar.
Paisagem cultural e a metodologia Story of Place
Na abordagem regenerativa, o Story of Place nos leva a investigar os padrões evolutivos de um território: como a geologia, o clima, as águas, a vegetação e as pessoas se relacionaram ao longo do tempo para dar origem a modos de vida específicos. A paisagem cultural, como instrumento de preservação, compartilha essa mesma lógica: proteger o território não apenas como cenário físico, mas como expressão de uma história viva, carregada de valores e significados. Reconhecer a paisagem cultural é reconhecer que cada lugar tem uma narrativa singular de coevolução entre sociedade e natureza.
Um pacto para o futuro
A chancela da paisagem cultural brasileira prevê a criação de um pacto de gestão compartilhada, envolvendo poder público, sociedade civil e iniciativa privada. Esse pacto reflete a necessidade de corresponsabilidade pelo futuro do território, princípio central também no Desenvolvimento e Design Regenerativo. Preservar uma paisagem cultural é mais do que conservar o passado: é criar condições para que as forças vitais do lugar possam continuar se expressando, nutrindo identidade, qualidade de vida e evolução coletiva.










Fotos: 1 Brasilia, DF | 2 IEPHAMG | 3 Salvador, BA | | 4 São Paulo, SP | 5 Rio de Janeiro, RJ | 6 Belo Horizonte, MG | 7 Canela, RS | 8 Ouro Preto, MG | 9 Belo Horizonte, MG | 10 Serra da Canastra, MG | 11 Paraty, RJ