De modo geral, somos avessos às perturbações em nosso cotidiano. Procuramos, na maioria das vezes, um caminho seguro e conhecido sem que haja grandes mudanças.
Acontece que a principal força evolutiva em sistemas vivos são os distúrbios.
Segundo a Teoria da Cognição de Santiago, sistemas vivos respondem a distúrbios com mudanças estruturais, isto é, mudanças na estrutura física, cerebral, celular… e o faz de forma a “escolher” quais distúrbios responder e como responder.
Uma floresta sem distúrbios está fadada ao declínio. Em um ecossistema, o único equilíbrio que existe é o equilíbrio dinâmico que incorpora as mudanças como eventos capazes de promover a evolução.
Assim, para alinhar a nossa mentalidade com a inteligência da vida podemos começar fazendo as pazes com os distúrbios — com os eventos de caos e destruição — e entendê-los como uma força natural necessária ao equilíbrio dinâmico evolutivo.
Aquele evento que não estávamos esperando, o desaparecimento de algo que nos dava a sensação de segurança ou mudanças forçadas repentinas e totais podem ser eventos capazes de gerar mudanças evolutivas.
Talvez não seja possível escolher se queremos ou não responder a um evento, mas sempre será possível escolher como responder. Qual aprendizado é possível incorporar a partir disso? Como isso pode me aprimorar ou como este evento pode me levar a novos rumos?
O Brasil vive hoje um grande e profundo distúrbio estrutural, uma afronta inimaginável aos rumos de um país pautado no respeito, inteligência e integralidade. Um desrespeito à sua própria história.
Diante disso estamos escolhendo responder de que forma?
Desejo que este momento faça florescer em nós a vontade e consistência necessária para trabalharmos as nossas habilidades enquanto agentes de mudança, empreendedores ecossociais, estrategistas organizacionais, guerreiros da sustentabilidade, líderes compassivos… ou seja, a nossa capacidade para a liderança regenerativa.
Desejo que cada um de nós possa começar a construir ou ampliar o seu legado conectado ao seu senso de propósito mais energizante. Agora.
Foto: Ryan Loughlin