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Tornando-se recurso

Um dos grandes desafios que encontramos com o paradigma regenerativo é o de desenvolvermos a capacidade de sermos recurso para o desenvolvimento de pessoas, comunidades e organizações.

Apoiados no trabalho da Carol Sanford, entendemos que ser recurso demanda de nós presença, consciência, disciplina, abertura e profundidade.

Para sermos capazes de nos engajar em um diálogo desenvolvimental e construtivo precisamos estar conscientes do que é bem-vindo e do que não é bem-vindo nestas interações. Continue reading →

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Permanência, longevidade e viabilidade

Sinergias entre o desenvolvimento regenerativo e os ensinamentos de E. F. Schumacher

Foto: Skylar Jean

“Sob um ponto de vista econômico, o conceito central da sabedoria é a permanência. Temos de estudar a economia da permanência. Nada faz sentido economicamente salvo se sua continuidade por longo tempo puder ser projetada sem incorrer em absurdos. Pode haver ‘crescimento’ rumo a um objetivo limitado, mas não pode haver crescimento ilimitado e generalizado.” — E. F. Schumacher

A preocupação com a longevidade dos empreendimentos humanos também está no cerne do desenvolvimento regenerativo, afinal regeneração é sobre aumentar o potencial ou recuperar a vitalidade perdida de um sistema vivo.

Ao liderarmos ou apoiarmos um projeto, a lente do desenvolvimento regenerativo sempre nos leva a perguntar:

Quais condições devemos criar no projeto, no lugar do projeto e nos atores envolvidos para que eles sigam se desenvolvendo e realizando novos potenciais mesmo após a nossa saída?

Que tipo de intervenção devemos fazer para que eles cresçam para além da nossa contribuição inicial? Continue reading →

Posted by Juliana Diniz in Texto rápido, 0 comments
Regeneração: Um olhar vivo

Regeneração: Um olhar vivo

A mudança de concepção que o paradigma regenerativo propõe faz parte de uma antiga discussão na filosofia ocidental. 

Fritjof Capra descreve essa discussão como uma tensão entre substância e padrão, o que gerou duas linhas de investigação científica diferentes: o estudo da matéria e o estudo da forma

Segundo Capra (2016), o estudo da matéria começa com a pergunta “Do que é feito?” e leva a noções de elementos básicos e partes constitutivas, tendo como objetivo medir e quantificar. Já o estudo da forma pergunta “Qual é o padrão?” e aborda noções de ordem, organização e relacionamentos. Em vez de se concentrar em quantidade, o enfoque é na qualidade; em vez de medir, busca mapear.

Entender essa diferença é essencial para entender a proposta de valor do paradigma regenerativo. Enquanto sociedade contraímos a cegueira do reducionismo, o que nos fez focar demasiadamente nas partes e negligenciar as integralidades. Mas pessoas, organizações e cidades são sistemas integrais e se assemelham mais com sistemas vivos do que com máquinas, como nos fizeram acreditar. 

É importante, então, reconhecermos as limitações culturais que herdamos e nos colocarmos em um lugar proativo de descoberta e investigação para que possamos cultivar um olhar sistêmico e integral. E é esta a proposta do desenvolvimento regenerativo: nos afastar do pensamento reducionista e nos aproximar do pensamento sistêmico evolutivo.

Foto: Josh Sorenson

Referência: The Systems View of Life – A Unifying Vision (Capra e Luisi, 2016)

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Fenomenologia e Desenvolvimento Regenerativo

 

Na próxima segunda nos encontramos com a comunidade do Círculo Regenerativo para trabalhar a fenomenologia aplicada ao desenvolvimento territorial e à regeneração dos lugares.

Desde que conhecemos a abordagem do Desenvolvimento e Design Regenerativo percebemos — e nos foi dito — que ela tem um fundamento fenomenológico, embora essa relação não esteja totalmente explícita nos materiais e diálogos que já tivemos com o grupo Regenesis, os precursores da metodologia. Então, resolvemos nós destrinchar a conexão entre essas duas abordagens que nos parecem tão próximas e complementares. Neste encontro queremos compartilhar o que estamos descobrindo com essa pesquisa.

De antemão, podemos dizer que ambas compartilham de uma visão de mundo que tem na sua base o interesse genuíno pelo modo como se comportam fenômenos vivos. Do ponto de vista prático, ambas oferecem processos e métodos capazes de criar um processo consensual de design baseado em princípios de funcionamento da vida como os de holismo/integralidade, evolução/desenvolvimento, essência/singularidade, complexidade, emergência etc. Continue reading →

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Vamos praticar? (convite para ampliar a percepção)

Foto: Mauro Moura

No fim do último email que enviamos na newsletter havia um “convite para aumentar a percepção”. O texto do email abordava a relação entre saúde, liberdade e autoconsciência a partir da perspectiva antroposófica e fazia um convite para a tomada de consciência a respeito do que pode estar sendo dito por uma situação que nos toca e provoca.

Com esse email quero reforçar o convite feito e indicar alguns movimentos de um modo de observar fenomenologicamente eventos cotidianos. O que segue aqui é uma derivação para observar fenômenos humanos e sociais a partir da metodologia de observação de fenômenos naturais de Goethe. Continue reading →

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Saúde, liberdade e autoconsciência (e fenomenologia)

Foto: Ahmad Odeh

 

“A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas.” — Rudolf Steiner

Essa é uma célebre frase de Rudolf Steiner que traduz sua filosofia da liberdade.

Para a Antroposofia, ciência espiritual iniciada por Steiner, é de extrema importância que os seres humanos se desenvolvam através da (e em direção à) liberdade, e que todo o processo de desenvolvimento humano facilitado pelos pais, educadores e demais profissionais da área contribua para isso.

Realizar um Eu livre no mundo significa experienciar o amadurecimento biológico, psicológico e espiritual sendo capaz de transformar os desafios biográficos de forma autêntica por um Eu que traz consigo uma vocação singular e se manifesta por meio da autoconsciência.

Nesse sentido, liberdade tem a ver com a atuação comprometida deste Eu na metaformose daquilo que constitui o indivíduo mas que, de alguma forma, impede a expressão autêntica da sua individualidade. Vamos aprofundar nisso. Continue reading →

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É sobre uma postura, mais do que uma teoria

Foto: Erik Karits

De modo geral, a fenomenologia é o estudo dos fenômenos; e fenômeno é aquilo que se apresenta à consciência humana. Desdobrando essas definições, temos que a fenomenologia é o estudo da atuação da consciência na relação com o que se apresenta a ela.

Com raízes no pensamento filosófico, ela é considerada uma metodologia que enfatiza a importância da ideia de fenômeno ao considerar que tudo que podemos saber do mundo e de nós mesmos resume-se a esses fenômenos.

Edmund Husserl, considerado o pai da fenomenologia, tomou como premissa a ideia de que “toda consciência é uma consciência de algo”. Isso quer dizer que o que aparece à consciência aparece não de forma abstrata, mas em uma relação entre o sujeito que conhece e aquilo que é conhecido.

Aqui, diferente de outras perspectivas filosóficas, não se trata de uma consciência assimiladora e acumuladora, e sim de uma consciência intencional e de um processo relacional de tomada de consciência. Nesse sentido, não há como separar sujeito e objeto, interioridade de exterioridade. A ideia de fenômeno os integra; o que acessamos na consciência é a integração deles (o próprio fenômeno). Continue reading →

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Prática regenerativa e atitude fenomenológica

Foto: Raimond Klavins

Para ser efetivo, o impulso de regenerar ou promover mudanças em um sistema de qualquer natureza deve estar associado ao interesse de verdadeiramente conhecê-lo. Não é possível intervir adequadamente em algo que se conhece superficialmente.

Mas é isso que costumamos fazer. Nos faltam capacidades e conhecimento de base que nos elevem além do hábito de concluir precipitadamente e impor soluções baseadas em agilidade, eficiência, replicabilidade. Então, sem o envolvimento adequado com aquilo que se deve conhecer antes de intervir, reforçamos os padrões mecânicos e artificiais responsáveis pela perda de saúde e vitalidade nos sistemas à nossa volta.

Consciente dessa tendência e preocupada com os seus efeitos, a prática regenerativa é informada por um conjunto de premissas de outra natureza que vieram do entendimento de como funcionam sistemas vivos em evolução. Continue reading →

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Uma questão de escala

Foto: Felipe Dias

Muitos dos nossos esforços para mudanças significativas são inefetivos por conta da escala em que atuamos.

Helena Norberg-Hodge, diretora do Local Futures, disse recentemente que “vivendo fora da escala humana somos incapazes de ver a confusão em que nos metemos”.

Os problemas que enfrentamos, como a crise climática e a polarização política, se tornaram tão grandes e complexos que não conseguimos ver com clareza como contribuímos para o seu agravamento ou dissolução.

Diante do reconhecimento de que eles são imensos, buscamos uma grande solução sem perceber que buscar uma grande resposta ou uma solução universal é parte do problema — na realidade, é o próprio problema.

Nenhum de nós será capaz de oferecer respostas para o problema como um todo porque somos incapazes de fazer sentido de tamanha complexidade. Mas todos nós podemos trabalhar localmente fazendo coisas que podem parecer pequenas, mas são promissoras. Continue reading →

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Infundir germens de bem em um mundo decadente

Foto: Jordan White

Allan Kaplan, retomando um pensamento de Rudolf Steiner, diz que “não devemos tentar interromper um processo de destruição ou decadência porque ele tem seu próprio curso, mas infundir nele germes do que consideramos como bem”.

Algo semelhante pode ser visto na dinâmica ecológica de uma horta ou agrofloresta. Quando uma planta apresenta traços de baixa vitalidade ou senescência (envelhecimento), mais do que tentar adiar seu fim e restaurar sua vitalidade com insumos externos, é interessante acelerar seu processo de morte. Uma prática fundamental no manejo agroecológico é retirar espécies antigas e fracas para abrir espaço para novas mudas e sementes crescerem com vigor.

Toda ruína é acompanhada de novas possibilidades do que pode vir a acontecer e de um potencial singular correspondente aos aspectos da identidade de um dado sistema que, nessa virada, podem vir a se atualizar. Continue reading →

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