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Do caos global à resiliência interna

Do caos global à resiliência interna

Atravessando o colapso em conexão com a vida

Desde o ano passado muitas tragédias atravessam nossas vidas. Avanço de governos anti-progressistas, escalada de tensão entre regimes imperialistas, crises políticas em toda a América Latina, crimes ambientais no Brasil, gravíssimos incêndios na Amazônia brasileira e em savanas por todo o globo, aceleração das mudanças climáticas e recordes de calor — só para citar alguns.

Eventos de ordem política, social e ecológica continuamente nos tiram do aparente conforto individualista e evidenciam a complexidade da nossa natureza interdependente. Continue reading →

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A dança da floresta

A dança da floresta

E o que podemos aprender enquanto humanos e humanidade

A floresta revela uma inteligência bela e sutil. É um sistema de alta sinergia onde o interesse particular de uma espécie está em harmonia e contribui para a evolução da floresta como um todo. É uma dança harmoniosa de revelar-se e de criar condições para que outros seres também possam se revelar.

Temos na floresta, de forma simplificada, a cada momento do seu estágio de evolução, plantas com duas essências particulares: aquelas que criam e aquelas que são criadas. As árvores nunca ocorrem de forma isolada. Elas só existem pois estão em um relacionamento simbiótico profundo com outras plantas e animais.

Assim, observamos um padrão onde determinadas espécies criam as condições para que outras espécies possam prosperar. Ou seja, espécies criadoras suportam condições adversas e contribuem para a melhoria do ambiente de forma que espécies mais exigentes, as criadas, possam revelar o seu potencial. É a vida criando condições propícias para a vida em um maior nível de organização e complexidade. É a evolução dirigida por relações sinérgicas.

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Acordar a gratidão

Acordar a gratidão

Qual o lugar da apreciação, da gratidão e da celebração nas nossas vidas? Existir neste contexto planetário e tempo histórico é um motivo suficiente pelo qual sermos gratos? 

A palavra “gratidão” se tornou recorrente nas nossas interações. Às vezes ela até pode soar piegas, um vício verbal new age esvaziado de significado. Com a Ecologia Profunda e o trabalho da Joanna Macy, essa palavra ganhou um sentido diferente e muito potente pra mim.  Continue reading →

Posted by Juliana Diniz in Texto rápido, 2 comments
Os mais populares do ano

Os mais populares do ano

Nós temos muito o que agradecer. Este foi um ano de muitos encontros e conexão. Temos a sensação de ter construído uma base sólida na qual podemos nos apoiar com firmeza no ano que chega. E isso só foi possível com o envolvimento de muitas pessoas.

Estamos felizes com o crescimento do movimento regenerativo e, definitivamente, você faz parte disso.

Muito obrigado a você que se conectou, que se inspirou com um texto, que compartilhou uma ideia ou que fez um comentário apropriado. Muito obrigado a você que recebeu o nosso trabalho de coração aberto, que nos apoiou e nos incentivou a caminharmos com mais firmeza.

Entrando no clima de retrospectiva, deixamos uma lista com os nossos conteúdos mais populares.

Artigos mais populares de 2019

  1. As principais características do pensamento sistêmico
  2. Como vemos o mundo?
  3. Separação entre natureza e cultura — a base do pensamento moderno
  4. O papel da visão de mundo na construção de uma sociedade viável
  5. As três dimensões da Grande Virada
  6. Uma nova visão histórica da Terra e da humanidade
  7. Descolonizar é preciso
  8. As três linhas de trabalho do desenvolvimento regenerativo
  9. O caminho das organizações regenerativas
  10. Desenvolvimento regenerativo, uma evolução na discussão em sustentabilidade

Podcasts mais populares de 2019

  1. Pensamento Holonômico | com Maria Moraes
  2. Liderança, risco e ciências holísticas | com Juliana Schneider
  3. Crise e regeneração | com Eduard Muller
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Participação

Participação

A participação não é uma escolha.

Estamos fadados à participar da dança da vida, essa grande teia de relacionamentos interdependentes.

Podemos, porém, escolher como participar.

Isso significa que tudo o que fazemos ou deixamos de fazer importa. Significa que as nossas escolhas importam.

Mas para que haja a possibilidade da escolha é necessário o exercício do discernimento.

Um antigo ditado ensina que “se a única ferramenta que você tem é um martelo, tudo começa a se parecer com um prego”.

Se os únicos modelos mentais que você possui são aqueles que nos colocaram em risco existencial, as suas soluções vão provavelmente agravar o problema.

Precisamos nos alfabetizar na ciência da evolução dos sistemas vivos.

Podemos escolher participar como sendo um sistema vivo em coevolução mutualística com todos os outros seres.

O desenvolvimento e design regenerativo é um método alinhado com a inteligência da vida que nos ajuda a participar de forma apropriada.

Felizmente, no começo de 2020, poderemos estar juntos presencialmente para trabalharmos a nossa participação e a participação dos nossos projetos.

O curso de introdução ao desenvolvimento regenerativo será oferecido em Uberlândia, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília.

Se este for um bom momento, será uma honra e um prazer estarmos juntos.

Foto: William Recino

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Investimento regenerativo

Investimento regenerativo

Todo trabalho que realizamos mobiliza um esforço. Este esforço é um investimento, é um aporte de energia em algo do qual esperamos obter um retorno futuro. Este “algo” que criamos com um investimento, envolvendo dinheiro ou não, pode ser chamado de ativo.

A permacultura nos ajuda a entender estes investimentos a partir de três categorias. A primeira é o investimento degenerativo. Assim que o investimento foi feito o ativo criado começa a se deteriorar. Para que este se mantenha funcional é necessário um aporte contínuo de novos investimentos. Além disso, esses ativos comprometem a saúde local ao criar benefícios de curto prazo através da extração e esgotamento dos recursos do sistema. Em outras palavras: o sistema como um todo é empobrecido e o valor gerado pelo ativo sempre está em decadência. Exemplos disso são carros, estradas e prédios. Apesar de necessários, se tivermos um excesso desses “ativos” em um projeto ou região estes irão empobrecê-lo a longo prazo. Ao final o recurso investido é degenerado, ou seja, não retorna.

A próxima é o investimento generativo. Neste tipo de investimento você coloca o recurso em uma atividade e obtém um retorno proporcional ao investimento feito. A agricultura anual se comporta desta maneira. Após todo o investimento inicial você recebe o benefício da colheita mas retorna ao ponto de partida. Para que esta atividade gere mais recursos ou benefícios é necessário um novo investimento semelhante ao anterior. Isto é um investimento generativo: você coloca recurso, você retira, e então está no mesmo lugar de onde partiu.

Outra forma de entender os investimentos generativos é que estes nos permitem economizar recursos e necessitam de pouca manutenção ao longo do tempo. Estes ativos necessitam de um investimento inicial, não nos oferecem um lucro direto mas economizam mais energia em seu ciclo de vida do que foi necessário para criá-lo. As ferramentas são bons exemplos: elas facilitam e otimizam as nossas atividades e podem ser utilizadas para criar coisas úteis e até mesmo consertar outras ferramentas. Placas solares e biodigestores também são exemplos de investimento generativo pois economizam ou geram mais energia do que foi necessário investir para obtê-la.

O terceiro tipo é o investimento regenerativo. A sua principal característica é que ele melhora e aumenta o seu valor ao longo do tempo. Um bom exemplo é uma árvore ou uma agrofloresta. Com o passar do tempo a manutenção diminui enquanto a colheita aumenta. Em um dado momento o retorno é muito maior do que o investimento inicial. Este é o tipo de investimento que queremos maximizar em nossos projetos. São investimentos que geram benefícios crescentes a longo prazo.

Em projetos de base territorial ou em organizações o Desenvolvimento e Design Regenerativo (DDR) gera valor ao criar uma rede de cooperação em que cada membro pode desempenhar o seu maior potencial a partir de uma direção regenerativa comum. Com o passar do tempo o entendimento da dinâmica socioecológica aumenta, os laços são fortalecidos, a motivação e espírito local é elevada e o retorno social, econômico e ecológico supera em muito o investimento inicial.

Investimentos degenerativos são necessários em muitas ocasiões. Porém, ao colocá-los a serviço de uma atividade fundamentada em um investimento regenerativo conseguimos fazer com que o ativo que se deteriora ajude a gerar valor crescente a longo prazo. Ao equilibrar estes tipos de investimento conseguimos gerar riqueza e saúde social e ecológica.

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O caminho das organizações regenerativas

O caminho das organizações regenerativas

O primeiro passo de uma organização regenerativa é assumir a responsabilidade pela mudança. Isso significa ir além da conformidade, ou seja, deixar de estar satisfeito por apenas cumprir as obrigações legais. Isso não é suficiente. 

A organização regenerativa está a serviço de algo maior do que  si mesma. Assim, ela sai da conformidade e vai para a autorresponsabilidade pois entende que deve desempenhar um papel ativo na regeneração local. Ela acredita, profundamente, que possui a obrigação de contribuir por um mundo mais íntegro. Essa é a sua maior preocupação.

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Saúde pessoal e saúde planetária

Saúde pessoal e saúde planetária

Não há nada que façamos que não afete a integridade da Terra. Mais do que afetar, nós nos tornamos uma força que está alterando dramaticamente a estrutura e o funcionamento do planeta.

O adoecimento da Terra expresso, por exemplo, na ameaça do seu termostato promovida pelo degelo ártico, está diretamente relacionado à saúde humana — física, psíquica e social. Devido aos nossos traumas, intrinsecamente relacionados à ordem antropocêntrica, materialista, colonial e patriarcal do mundo, recriamos trauma ao redor na forma de violência implícita e explícita à vida.

Embora tenhamos o privilégio da autoconsciência, agimos como animais acuados tentando sobreviver a partir de um sistema de defesa disfuncional. Nos sentimos separados uns dos outros e dos sistemas vivos e acreditamos que o sentido de comunhão que buscamos será suprido através da dominação e do controle — as estratégias relacionais que maquiam o impulso primitivo de lutar ou fugir. 

Por outro lado, a destruição massiva da saúde e da integridade das águas, do ar, das terras e dos povos em nome de riqueza, poder e prestígio centralizados nos causam imenso estresse traumático de modos tão dramáticos — embora pouquíssimo considerados — que ainda somos incapazes de mensurar.

Porque sentimos dor — biográfica, transpessoal, planetária — e não a elaboramos pessoal e socialmente causamos sofrimento a nossa volta na forma de danos irreparáveis às comunidades humanas e aos sistemas vivos que, por sua vez, voltam a nos afetar. 

Em outras palavras, sofremos com a sensação de separação e desconexão que constitui a subjetividade dos sujeitos modernos que, por sua vez, culminam em irresponsabilidade social e ecológica. Os sintomas se confundem com as causas formando um ciclo que se retroalimenta.

Mas neste momento de colapso inevitável das velhas estruturas e de necessidade emergente de novas formas de ser e estar no mundo, precisamos de pessoas sãs que possam encaminhar saídas deste ciclo autodestrutivo. 

Precisamos ser as pessoas sábias e compassivas que conseguem acolher a dor da humanidade e a dor do mundo cuidando para que o sofrimento seja minimizado e para que as suas causas sejam radicalmente transformadas. Para tanto, precisamos descobrir como permanecer sãos em um planeta que queima e que clama pela nossa participação apropriada.

[Este texto é parte do material de apoio da jornada Em Busca da Visão – Propósito pessoal a serviço de Gaia]

Na próxima terça-feira (05/11/19) às 19h vamos conversar sobre como participar apropriadamente no mundo de modo a criar saúde e vitalidade pessoal e planetária. Inscrições aqui.

Foto: Ivars Krutainis

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Petróleo e o cerne da questão

Petróleo e o cerne da questão

O derramamento de petróleo que atingiu o litoral brasileiro e a cobertura da mídia deixa claro a incapacidade dos meios de comunicação de discutir o cerne da questão. É preciso reformular o problema.

É certo que a origem do derramamento, os impactos imediatos, o envolvimento dos voluntários na limpeza e os desdobramentos políticos são importantes e dignos de nota. Também é crucial, na era da pós-verdade, tomar algum tempo para desmentir notícias falsas. Mas não podemos aceitar o discurso superficial do “a culpa não é minha”.

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Como vocês se atrevem?

Como vocês se atrevem?

O mundo está sendo sacudido por uma voz contundente. Improvável e contundente.
 
Emocionada, como quem sente a dor da perda, Greta Thunberg explode sua mensagem no colo dos líderes da decadente sociedade industrial: “está tudo errado”.
 
Está tudo errado, e ainda assim governantes são incapazes de encarar com seriedade o descompasso desastroso do metabolismo industrial com a inteligência dos sistemas vivos.
 
“Como vocês se atrevem? Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com as suas palavras vazias. Pessoas estão sofrendo. Estamos no começo de uma extinção em massa, ecossistemas estão colapsando e tudo o que vocês conseguem é falar sobre mitos de crescimento econômico eterno. Como vocês se atrevem?”
 
Como se atrevem a subsidiar a indústria fóssil? Como se atrevem a colocar lucros corporativos acima da integridade da vida no planeta? Como se atrevem a negar o inegável?
 
A nova geração, a geração da rebelião pelo clima, coloca o dedo na cara da cúpula global e brada: “cresça!”. Cresça e tenha a seriedade de uma criança.
 
Assim, a geração de Greta toma para si a liderança e faz a maior inflexão da história. Uma virada que coloca crianças e adolescentes em um novo papel, o papel de assumir as responsabilidades que as outras gerações já deveriam ter assumido há tempos.
 
Greta Thunberg, uma voz contundente. Improvável e contundente.
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